01 - Get Back (Single Version) (Lennon/ McCartney)
02 - Don't Let Me Down (Lennon/ McCartney)
A caixa Mono termina no álbum branco, porém este compacto está presente na Mono Masters. Mas para dar unidade à essa compilação, as faixas aqui postadas serão inteiramente em glorioso estéreo.
Estamos em janeiro de 1969, e as infames Get Back Sessions começavam a todo o gás desde o primeiro de janeiro, pouco mais de um mês após o lançamento do White Album. De todas as controvérsias em torno do parto mais longo desse trabalho de um quarteto cada vez menos unido, aquela que põe em cheque a qualidade musical do que foi lançado é a que mais dói, e a mais nonsense também. Prova disso foi o êxito deste compacto, um mega-hit lançado em 11 de abril daquele ano (sim, antes do Abbey Road). A versão do lado A parece ser o mesmo take da que entrou no LP, um pouco mais longa na verdade (no final), o que é uma curiosidade, visto que em geral as versões em compacto é que costumam ser 'radio edits'. Get Back, o disco, foi solenemente engavetado, assim como foram abortados os outros dois projetos que sairiam das mesmas sessões: um disco de regravações dos próprios Beatles, e outro de clássicos do rock 'n' roll (exaustivamente disponíveis nos bootlegs de ensaios, Anthology, etc.). Interessante notar que John aproveitou essa última ideia em sua carreira solo.
"Don't Let Me Down" é uma das melhores músicas de todo o projeto, e talvez o maior mérito de Let it be... Naked [2003] tenha sido reparar o histórico erro de não tê-la incluido no álbum de 1970. Indo além, o disco revisitado acerta no track-list, seguramente melhorado, ainda que Let it be tenha um charme único pelo caráter caótico da introdução da maioria das músicas, e também as eventuais vinhetas.
03 - Two Of Us (Lennon/ McCartney)
04 - Dig a Pony (Lennon/ McCartney)
05 - Across The Universe (Lennon/ McCartney)
06 - I Me Mine (Harrison)
07 - Dig It (Lennon/ McCartney/ Starkey/ Harrison)
08 - Let It Be (Lennon/ McCartney)
09 - Maggie Mae (Trad. arr. Lennon/ McCartney/ Starkey/ Harrison)
É importante discutir o papel de Phil Spector na (des)construção do que chegou às lojas em 08 de maio de 1970 (com uma capa diversa à que estampa este post). Além da responsa, imagino o tremendo abacaxi que deve ter sido aquele monte de ensaio gravado, com um meio mundo de material desprezível. Como ele não foi o produtor responsável pelas sessões, o papel dele foi o de um editor, e isso ele fez sem dó nem piedade. Várias das falas não aconteceram exatamente antes daquele trecho no disco, melhor exemplo sendo os agradecimentos ao final (do concerto no Rooftop) encerrando "Get Back" que havia sido gravada no estúdio. A introdução ("I dig a pigmy...") também pode ser ouvida no disco-bônus de Naked, a 'mosca-na-parede', assim como o final da jam que virou "Dig It", que não guarda absolutamente nenhuma relação com "Let It Be", e daí que mora o perigo de um editor-produtor (é só lembrar da importância de um editor de imagens): é metendo a tesoura que se ressignifica o bruto das sessões em um produto que tem a cara que se quer dar. O idealizado projeto "volta-às raízes" não só foi um fracasso como trabalho em equipe, mas fracassou em conceito. A necessidade de contratar Phil Spector, depois de dispensar os "production rubbish" (segundo Lennon) de George Martin antes mesmo de começarem a rodar as fitas é admitir a incapacidade de cumprir com a idéia por trás do projeto. E digo mais: é fácil acusar Spector de ter passado dos limites, mas os próprios Beatles (sem John) terminaram "I Me Mine" um ano depois das sessões originais, pois nada do que havia sido registrado daquela faixa era bom o suficiente (ainda que uma passada razoável possa ser conferida no doc). Ainda mais intrigante é ver Paul McCartney, o grande atingido pelas modificações sem aviso prévio de Spector, usando os mesmos arranjos, em particular em "The Long and Widing Road" em suas turnês, entra ano e sai ano. Em resumo, egos à parte, Let It Be é sim um discão, claro, é um disco dos Beatles, leia-se composições de qualidade, os mesmos bons vocalistas e instrumentistas de sempre, e sim bons arranjos, mesmo nas pegadas mais simplistas. Uma grande bandinha de rock. Sempre.
10 - I've Got a Feeling (Lennon/ McCartney)
11 - One After 909 (Lennon/ McCartney)
12 - The Long And Widing Road (Lennon/ McCartney)
13 - For You Blue (Harrison)
14 - Get Back (Lennon/ McCartney)
Quando disse que Naked acerta na ordem das músicas, não tava brincando. O lado 2 de Let It Be é infinitamente melhor que o lado 1, e isso não é por causa nem de "Dig It" ou "Maggie Mae", mas esse lado 2 tem uma cara mais 'direto-ao-ponto', como o Naked que pensa a distribuição das faixas num formato Cd, e não tem a preocupação de ser trilha sonora de coisa nenhuma. Ainda dentro dessa comparação, e retomando o ponto anterior, o de que não há nada "as nature intended" em qualquer encarnação de Let It Be, o Naked só foi mais a fundo no processo começado por Phil Spector em 1970. Tirando a limada em suas contribuições de côro e cordas, o som do álbum continuou sendo editado, polido, e remixado usando a tecnologia a serviço da boa música, e o padrão-Beatle de qualidade.
Com isso encerro meu humilde testemunho de que Let It Be... Naked é superior sim ao disco original, isso não quer dizer que meu vinilzão e essa compilação não garantam bons momentos de rockão garageiro e baladas gospel. Ah, em tempo, prefiro a versão de "Across the Universe" daqui mesmo - e não dá nem pra dizer que é a original, certo? Ponto pra Phil Spector...
15 - Across The Universe (WWF Version) (Lennon/ McCartney)
16 - Let It Be (Single Version) (Lennon/ McCartney)
17 - You Know My Name (Look Up The Number) (Lennon/ McCartney)
Para encerrar com as outras faixas que tem a ver com o tracklist do LP, temos a versão de Across The Universe um pouco mais 'altinha' em registro, sem o côro, mas com backings femininos de duas fãzocas, dentre elas a brasileira Lizzie Bravo. Tudo muito bonito, sons de pássaros e tal, mas como já mencionado, prefiro a versão revisitada mesmo. O último single com material inédito dos FabFour trazia a faixa-título do LP com solo de guitarra alternativo. Nunca me decidi sobre preferência, mas - até onde eu sei - é mais um caso dos próprios Beatles (no caso Harrison) e não Spector, voltar lá no estúdio pra refazer algo pra soar melhor, e não deixar 'como deus quis soar'. Finalmente o lado B do compacto lançado em 06 de março de 1970 - dois meses antes do álbum póstumo, e um ano após Get Back/ Don't Let Me Down - trazia a bizarra "You Know My Name", uma gravação começada em 1967, que incluia até solo de saxofone do finado Brian Jones. Não dá pra dizer que não é divertido...
Download links (.flac):
Part 1
Part 2
Part 3
6 comentários:
Poxa Fabinho, bacana essa postagem. Sou leigo ainda sobre essas informações sobre os Beatles, mas a segunda foto(em que eles estão olhando para baixo) é igual à capa do Blue Album?Se sim, vc sabe o real motivo para colocarem a mesma capa?
Abs!
PS.: Ah! Continue com as postagens, sempre que posso de verdade leio seu blog!
Até mais!
Oi Felipe!
A capa do disco que postei não é a real. Foi algum doido que fez e colocou na internet, e eu achei conveniente pois essa seria a foto do projeto original, com o nome Get Back, que foi abortado em 1969. Let it be saiu em 1970, e a coletânea azul só em 1973, portanto a foto era inédita, e foi bem aproveitada, como contraponto à da vermelha, igual a do Please Please Me. Deu pra entender?
e os arquivos, tá conseguindo baixar? qquer duvida qto aos arquivos Flac, pode mandar
abç
Ahhhh! Deu pra entender sim! Eu tava achando bem estranho mesmo. Enquanto aos arquivos, não baixei ainda por falta de tempo. Mas irei baixar pra dar um escutada legal!
Agora, fugindo do assunto, esse ano vai ter o curso que departamento de música fez o ano passado?
Abs!
Opa! Deve rolar sim, por enquanto não tenho nenhuma informação. Fique ligado..
Mais um texto muito bom, agora sobre o let it Be. Concordo com Across The Universe, a versão de Phil Spector é maravilhosa e muito melhor que a original, as cordas e o coral deram uma força e uma viagem universo à fora com essa música incrível. Valeu.
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