quarta-feira, 29 de setembro de 2010

II SISPEM

O segundo Simpósio Sergipano de Pesquisa e Ensino em Música ocorreu na semana de 20 a 23 de setembro, lá mesmo no Campus de São Cristóvão, onde funciona o Núcleo de Música da UFS.
O primeiro dia serviu como pontapé inicial com apresentações musicais. Não houve palestra, como anunciado na programação. E nem precisava. Qualquer evento que trate de música, mesmo do ponto de vista científico deve haver música para apreciação. E a noite começou lindamente com o Prof. Msc. João Omar, que desenvolve trabalhos na cidade de Vitória da Conquista/BA. Difícil descrever o que ouvi... musicalidade profunda e técnica exuberante. Não precisava ser aluno do curso para se deixar levar por essa música. Todos presentes ficaram encantados. Em seguida o Prof. Msc. João Liberato o acompanhou no palco, retomando uma parceria de longa data. A última peça dos dois trabalhava bem a síncopa nordestina, baseada em semicolcheias. O violão é emblemático em lembrar-nos que a ponte entre música "erudita" e "popular" pode e deve ser encurtada.

Antes de nos recuperarmos dos orgasmos sonoros, a próxima atração foi anunciada, mas não havia músicos no palco. Os artistas estavam todos do lado de fora do Auditório da Reitoria. Eram eles crianças e adolescentes, os Canarinhos de Aracaju. E entraram, cantando, com moral de quem faz isso há bastante tempo. A cantiga repetida por todos até o palco transformou-se num cânone, com os grupos formando rodas, deixando claro para o ouvinte quem está fazendo o quê. Para mim foi especialmente gratificante ver o grau de domínio dos garotos, pois os conhecia desde o ano passado, porém essa foi a primeira oportunidade de assistir uma apresentação completa. Acompanhando a cantoria, além do regente ao teclado, destaque total para o contrabaixo da colega Val, com muita liberdade e propriedade. O maestro Carlos Magno falou bastante, informando o papel do INCASE na formação de futuros alunos do Curso de Licenciatura (o que é desde sempre uma realidade), e do papel social de se estudar música, e não se cobrar nada para aqueles alunos da rede pública. Os Canarinhos saíram como entraram: cantando. Alguns poucos (como eu) ainda foram lá fora ver como o maestro terminaria aquilo. Sem problemas, estavam lá eles, voltados para o regente, de olho no gesto...

De volta ao auditório, a terceira parte do programa trazia o quinteto de sopros da Filarmônica Nsa. Sra. da Conceição, instituição respeitadíssima, um patrimônio cultural do Estado e da cidade de Itabaiana. Me chamou atenção em especial o fagote, fica mais fácil acompanhá-lo em seus registros graves nessa formação do que dentro de uma massa sinfônica. Troquei ideia com o fagotista Henrique no dia seguinte, e para minha surpresa ele não é aluno do curso, mas sim graduando em História, apesar de ter feito diversas disciplinas conosco. A formação do quinteto inclui ainda clarinete, oboé, flauta e uma trompa, muito bem executada.

Para encerrar, nas palavras de João Liberato, um grupo emblemático para o curso de Música da UFS: o Ferraro Trio, que contou em 80% da apresentação com um quarto elemento: o Prof. James Bertisch, que subiu ao palco ovacionado, atestando um alto grau de aprovação dos alunos em relação ao seu trabalho em diversas disciplinas. James tocou teclado e o timbre 'hammond' trouxe uma cor importante para o som do Ferraro. Dá pra dizer que foi a melhor versão que presenciei de temas como "Hamster"... nada contra o didjeridoo, mas a música ganhou em profundidade harmônica. E o que dizer de "Cissy Strut" dos Meters? Perfeito, os diálogos improvisados entre guitarra e teclados foram absurdos. Aliás, apesar de ser óbvio o alto nível de musicalidade de trio, parecia que Saulinho estava particularmente à vontade com mais um instrumento harmônico. Seus improvisos atingiram o grau máximo de liberdade, um Hendrix jazzístico tocando funk. Ave Ferraro!!! Já no dia seguinte...
Era hora de estudar e conversar sobre música. Os mini-cursos de três dias aconteceram pela parte da manhã, e foram eles três: de Canto com o Prof. Dr. Eduardo Xavier, coordenador do curso de Bacharelado em Canto da UFAL; de violão com o já citado João Omar e o curso de Introdução à Teoria Pós-Tonal e Processador de Classes de Notas, com o Prof. Dr. Ricardo Bordini, gaúcho radicado na Bahia. Se eu pudesse teria feito os três, mas como tinha que escolher, fiquei com este último. Por vários motivos, notadamente por ser um assunto de interesse pessoal, mas também por ser esse o semestre que estou cursando Estruturação VI, onde abordamos música contemporânea. E nada melhor que aprender com um especialista na área, referência internacional e também compositor de música moderna. E ao longo dos três dias não me arrependi de minha escolha, pois além de ser um cara bacana, fã de Yes e rock progressivo, Bordini é muito bom professor. E conseguiu passar a sensação de que, mesmo dentre uma infinidade de conceitos de difícil assimilação, é possível se apropriar dessas ideias e experimentar um pouco, ou mesmo se debruçar em uma partitura de música do séc. XX e investigar o que está acontecendo, ao invés de simplesmente julgar que o que ocorre é aleatório e que uma criança poderia fazer o mesmo. Longe disso, se nos conformarmos ao fato de que essa música não obedece às regras do Sistema Tonal e sim às suas próprias regras, configurando-se em outro sistema também fechado em si mesmo, poderemos quem sabe até gostar de alguma coisa que alguns consideram "feia" ou de "mau gosto". Como toda obra de arte, é debruçando-se e entendo as relações dos elementos que a constituem que poderemos ter condição de apreciar o que se fez. E é por essa razão que muitos compositores do séc. XX se tornaram analistas, publicando artigos sobre suas próprias obras, para provar que há sentido no que estavam fazendo, mas não à luz da consagrada música da chamada "prática comum". Pois bem, caras como Bordini passaram anos fazendo contas no papel para compor e analisar peças (é, notas são números para a teoria pós-tonal). E o resultado desse empenho é uma calculadora criada pelo Prof. Jamary Oliveira da UFBA, disponível aqui. Com ela, uma serie de operações que antigamente você precisaria brincar de cientista maluco para analisar ou compor suas peças estão disponíveis em botões de uma calculadora. É disso que trata o tal Processador de Classe de Notas. Claro que não adianta sair apertando botão sem entender para que serve cada coisa. Lá naquele sítio dá para baixar tutorial e explicações, e mesmo para nós que fizemos o curso é necessário se debruçar para começar a entender e ter consequente domínio. Assim que conseguir completar minha composição baseada em meu número de CPF, pretendo postar e explicar o que fiz e porquê.

Na terça-feira, dia 21, no turno da tarde o Prof. Dr. Sérgio Figueiredo (UDESC) foi apresentado a nós como agente importante no processo que levou ao complemento da LDB de 1996, a lei 11.769 de 2008, a famosa lei que finalmente regulariza o ensino de música como obrigatório em todo o país. E é justamente esse o ponto principal sob o qual foi realizado esse simpósio. E foi com Sérgio que pudemos entender melhor o texto da lei, e refletir sobre a aplicabilidade da mesma e outras questões, como o polêmico veto do presidente Lula a um de seus artigos. Dada a importância e a quantidade de informações e modelos adotados em outras cidades que o palestrante acompanhou, o workshop continuava na quarta.

Tivemos em seguida, na terça, uma importante sessão de comunicações, onde alunos do curso tiveram a oportunidade de desenvolver alguma pesquisa científica, que poderá ou não desembocar no TCC ao fim do curso. Foi assim que ano passado falei sobre Varèse, mas este ano fui só ouvinte. Maria Gorete, gloriosa "tia" de vários colegas do Conservatório, abriu os trabalhos apresentando uma visão geral de seu trabalho de conclusão, colocando o nome de três mulheres, geralmente ignoradas pela História, como fundamentais para a criação do que hoje é o Conservatório de Música de Sergipe. Em seguida, minha coleguinha Thais Rabelo nos apresentou a fábula da Cigarra e a Formiga à luz da atual situação que a música se encontra, quando vários segmentos da sociedade duvidam que sirva "pra alguma coisa" ou que a atividade musical seja digna de respeito. Ótimo trabalho, fiquei apenas apreensivo do músico morrer de fome e de frio, como no desenho animado, baseado na mesma fábula (rs.). Seguindo a sessão, um representante do "clube do baixo" (forte tendência no nosso curso), Paulinho "Groove", propôs uma reflexão sobre a música como Arte ou Ciência. Difícil tarefa com a quantidade de abordagens expostas, mas a ideia é excelente, necessitando de mais tempo para maturação. Encerrando, o guitarrista-ninja Saulo Ferreira nos apresentou um método desenvolvido pelo próprio para ensinar guitarra para seus alunos. A ideia é muito simples, Saulo sacou que o que costuma travar os instrumentistas de corda com traste é justamente a facilidade de transposição, visto que aprendemos escalas através dos chamados shapes. Daí que muitos não se preocupam em saber quais as notas das diferentes escalas, já que mantendo-se o mesmo desenho conseguimos a mesma sonoridade transpondo regiões do braço. Se você quiser entender mais é melhor perguntar ao próprio Saulo, mas o resultado é uma bênção quando você lembra de professores que querem mais quantidade que qualidade do aluno. O desdobramento é ainda mais gratificante quando ele aborda a improvisação. O que muitas vezes parece impossível de teorizar, pode se tornar muito simples, dependendo da abordagem...

E ainda na terça ocorreu uma mesa redonda (originalmente programada para quarta) intitulada "Políticas públicas e legislação educacional para a área de música", que além de Sérgio Figueiredo, contou com a Prof.ª. Dr ª. Rejane Harder do nosso NMU, e o Prof. Dr. Eduardo Xavier da UFAL. A fala deste último foi basicamente um desabafo acerca da precariedade e dificuldades encontradas no curso superior de Música em Alagoas. Um retrato assustador, com intrigas e politicagens ofuscando um curso de mais de 20 anos de existência. Recentemente conseguiram criar o curso de Licenciatura em Piano, tendo como professor o grande Manoel Junior, mas o que entendemos da fala do prof. Xavier (isso me lembra X-Men), foi que poderiam ter expandido e revitalizado o curso de maneira inédita, não fosse a má vontade dos próprios colegas. Um dado lamentável. Se no nível de graduação é assim difícil, imagino que a tarefa de levar música pras escolas será ainda mais complicado para os colegas alagoanos...
O papel da Prof.ª Rejane foi relatar o andamento de uma pesquisa feita em conjunto com alguns alunos das disciplinas de Estágio, que mapeia a atual situação do ensino de música em Aracaju. Em linhas gerais o que temos é somente uma escola da rede pública com aulas de música, outra com uma banda que ensaia anualmente para o 7 de setembro, e muita desinformação e preconceito. Na rede particular há escolas que já tem aulas regulares, como a Nossa Escola e Arquidiocesano, que inclusive cederam espaço para nós estagiários observarmos seus professores e neste semestre ministrarmos aulas. Fora esse levantamento, a professora nos trouxe informações sobre as 20 bolsas do PIBID que está servindo para dar um pontapé inicial para a implementação da música no Ensino Fundamental II (sexto ao nono ano) em várias escolas da rede pública. Além disso, há um projeto vinculado ao PRODOCENCIA, cuja proposta é a elaboração de material didático, com planos de aula testados e aprovados pelos estagiários em campo e bolsistas do PIBID. 
Mas a estrela da noite foi mesmo o Prof. Sérgio. Suas principais ideias e estratégias motivacionais que iriam desembocar na continuação do workshop no dia seguinte eram:
- o MEC não vai nos dizer que aula de música é essa, muito menos dizer que livro didático deve-se adotar, então cabe a nós determinar tudo isso e brigar pela qualidade do ensino;
- as escolas de Sergipe não vão sair abrindo vaga e ligando pros ex-alunos formados na UFS para poder fazer cumprir a lei. Se um diretor entender que cantar o Hino Nacional é suficiente para estar em acordo com a lei, ninguém estará lá para dizer que a ideia não é essa;
- nós, músicos e/ ou futuros professores de música temos que estudar a lei para ter argumentos sólidos e sair do senso comum do tipo "música faz bem para a alma". Não adianta só reclamar. Para fazer valer nossos ideais de uma educação que inclua música bem ensinada, é preciso agir politicamente, e isso significa ser o mais presente possível: participar de encontros da área de educação; frequentar a câmara de vereadores; fazer artigos em blogs como este; enfim, unir a classe estudantil em prol de uma mesma vontade política.
Outro argumento bastante martelado é para derrubar qualquer opinião que desqualifique a importância do profissional formado para ensinar música. Afinal todos nós falamos português e nem assim somos todos professores desta língua. Assim como ser professor de “línguas estrangeiras" não implica que ele vai ensinar qualquer língua, afinal todas que não são português se encaixam nesta categoria. Isso derruba a insistente noção de se dividir o horário de música com "Artes", fruto de uma prática educacional adotada nos anos 70, com a disciplina-fiasco "Educação Artística". Daí outra briga: todas artes precisam ser contempladas, mas cada uma como disciplina isolada. O que mais se ouve é que "não há espaço na grade", mas tudo é uma questão de vontade e reorganização dos projetos político-pedagógicos. E é aí que entra a ação dos estudantes em ter certeza que representantes, por exemplo, de nosso Núcleo de Música acompanhem essas discussões e ajudem a formatar a inserção das Artes e da Música nas escolas. A obrigatoriedade implica por fim numa democratização dos conteúdos em suas diferentes áreas de ensino. Quantas vezes eu não me perguntei para quê que eu estava estudando algo de Química ou Física?? E, de fato, não lembro de quase nada destas áreas, e não me tornei alguém capacitado a lidar com tubos de laboratório porque passei nessas disciplinas (e em dois vestibulares). Educar musicalmente nossos futuros cidadãos, da mesma forma, não implica "descobrir novos talentos", mas preparar pessoas com um melhor senso crítico, estético e, enfim, sempre tem um ou outro que acaba se interessando o suficiente para procurar o Conservatório, e futuramente uma graduação. Implica em disponibilizar uma informação que não devia ser exclusiva dos músicos. É reintegrar uma matéria tão básica que fazia parte do Quadrivium na Antiguidade Clássica (junto com Geometria, Aritmética e Astronomia)!

Foi essa a discussão continuada na quarta à tarde, sendo que após uma pausa, o Prof. Sérgio propôs que formássemos grupos para pensar o que se poderia fazer a curto, médio ou longo prazo. Iniciativas individuais, coletivas... era hora de pensar em nossa realidade! O resultado foi bastante positivo, com alunos como Rodrigo “Peninha”, Rafael Jr. e Juarez manifestando-se e confirmando que o discurso do prof. deu resultado. Falou-se de assembleias de alunos, confecção de material informativo (folders), explicando à sociedade os benefícios do estudo da música. Foram mais ideias do que eu vou conseguir lembrar, mas o mais importante foi perceber que tava todo mundo contaminado. E o desafio é justamente continuarmos contaminando outros... do micro ao macro.

A última tarde de simpósio começou com duas palestras em cada um dos dois horários, ou seja 04 no total. As minhas escolhas foram as da maioria, então tivemos uma sala de aula entupida de gente, tanto na palestra do Prof. Dr. Christian Lisboa, quanto na seguinte, do Prof. James Bertisch. Na outra sala revezaram-se o Prof. Msc. João Liberato, expondo sua dissertação “Filarmônica N. Sra. Da Conceição: Funções de uma banda de música no agreste sergipano entre 1898 e1915”, e em seguida o Prof. Msc. Ion Bressan: “A formação de orquestras jovens e sua relação com o mercado de trabalho”. Segue o meu relato presencial.

O tema do Prof. Christian era Psicologia da Música, que ele já havia abordado no ano anterior. Importante diferenciar da Musicoterapia, que tem função terapêutica, a abordagem aqui é mais investigativa acerca do que ocorre conosco ao ouvirmos ou executarmos música. O mais legal foi simular um experimento real, onde ouvíamos músicas e ora escrevíamos palavras aleatórias, ora escolhíamos grupos de adjetivos que poderiam caracterizar nossas sensações. Ainda pretendo me aproximar do grupo de estudo nessa área que o prof. lidera dentro do NMU, até por uma questão de honra, sendo Psicologia minha primeira formação. Mais interessante ainda do ponto de vista pessoal foi a palestra do Prof. James, que tratava da relação contrapontística que se configura como um desafio para o contrabaixista que canta. Ou seja, algo que faço desde moleque. Houve até o momento em que apontaram para mim e me fizeram receber uma salva de palmas. Mas os caras escolhidos para os exemplos diferem bastante deste pobre baixista-cantor. Após uma geral dos termos usados em música popular, e a diferenciação dos sub-gêneros dentro do rock, o primeiro exemplo era uma música do Yes, anos 80. Nessa música Chris Squire dobra o vocal com Jon Anderson, e o que foi mostrado na partitura é que muitas vezes as linhas ascendentes da voz coincidem com linhas descendentes do baixo, e vice-versa. O prof. Bordini, sentado ao meu lado, observou que poderia-se analisar a peça como 6/8 na voz enquanto o baixo marca 3/4. Compasso composto X compasso simples. E esse era um exemplo até bem básico. A coisa começou a complicar mesmo com Geddy Lee, do Rush, também um exemplo dos anos 80. “The Big Money” foi sugerida por Robson, e ainda bem que James o ouviu. O trecho transcrito era a parte do meio (“sometimes, etc.”) e se eu já tinha certeza da incrível independência de Geddy Lee, a transcrição serve como uma espécie de comprovação científica!  O último baixista contemplado era um cara que eu não conhecia, Mark King, do Level 42, mas definitivamente foi o mais “cabuloso”. O groove do baixo era bastante complexo e a voz simplesmente não acompanhava suas síncopas, chegando a não coincidir entradas por diferenças de meio-tempo. E o pior era que o vídeo era ao vivo, não dava nem para dizer que ele gravou separado. Belo exemplo.

Finalmente, encerrando o II SISPEM, ocorreu a mesa redonda “O papel das IFES nordestinas diante da nova realidade vislumbrada a partir da lei 11.769/2008”. Este era, na verdade o título da fala do Prof. Christian, que fez um apanhado geral das conquistas do curso de licenciatura em música da UFS, desde sua chegada em 2009. Claro que o caminho até 2009 foi carregado pelo Prof. Dr. Hugo Ribeiro, que afastou-se do núcleo e hoje está em Brasília. Mas é fato que foi a partir da contratação dos demais professores efetivos que mudanças importantes foram feitas. A desassociação com o departamento de Morfologia (uma bizarrice necessária para a existência do curso em um primeiro momento); a conquista das salas de aula e da secretaria; a contratação dos secretários; os contínuos concursos para mais professores efetivos e substitutos; os aparelhos de som, DVD e data show; a compra de instrumentos (muitos a chegar); a prova específica prática para entrada no curso (valendo esse ano!).... O relato dele deixou claro que para um curso que ainda vai formar a primeira turma, estamos crescendo e rápido. As novas gerações não tem com o que se preocupar, porque já está reservado para o nosso curso um bom espaço nas futuras instalações da UFS, onde teremos salas acusticamente preparas, auditório, e um espaço decente para se guardar instrumentos. Fora o anúncio do plano para implementação de um curso técnico, onde estaríamos preparando melhor os futuros alunos da graduação.
Mas essa mesa redonda configurou-se especial pela presença de um diretor, representando a Secretaria de Educação, Paulo Roberto de Menezes Rêgo, atual Diretor do Serviço de Ensino Médio; e também de Rivaldo Dantas, que compôs a mesa como representante da Secretaria de Cultura. A última integrante da mesa era a Prof. Rejane, que basicamente repetiu sua fala da terça-feira, no intuito de informar aos convidados sobre como está a situação da música atualmente, além de um breve histórico da Educação Musical no país desde a época do Canto Orfeônico. Por fim, a fala de Rivaldo, ex-diretor do Conservatório, revelou-se polêmica, devido a um infeliz exemplo de um músico sergipano bem-sucedido, onde ele sugeria que estes músicos poderiam ser absorvidos pelo mercado, já que o campo de trabalho é imenso, e a quantidade de profissionais graduados em licenciatura não seria suficiente. Mesmo tendo deixado claro que estes músicos deveriam ter um tempo para procurar as universidades e se reciclar, a sugestão não foi muito bem recebida, e o debate acabou numa tentativa de entendimento de ambos os lados, com alunos tomando partido e já expondo as ideias aprendidas durante o simpósio. Em relação à necessidade de se incluir nos futuros editais a exigência de licenciatura, Paulo Rêgo pronunciou-se no sentido de nos assegurar que essa já é a política dos últimos anos, e não haveria possibilidade de concurso público para professor em qualquer área sem essa graduação. A professora Gorete manifestou-se relatando o processo ocorrido no concurso deste ano pro Conservatório, onde eles tiveram que dialogar bastante junto à SEAD, para que reduzissem a exigência para 50% de créditos cursados na licenciatura, o que de fato foi como essas vagas foram preenchidas, com colegas de minha turma como Thais e Ítalo Robert, merecidamente aptos a assumirem depois de passar pelas bancas examinadoras, mesmo sem terem ainda concluído a licenciatura.
O que podemos refletir junto a tudo isso é que a música nas escolas não deve ser implementada de uma vez, mas de pouco a pouco. Parece ser o caminho mais prudente a se seguir. O que já é uma realidade, diretamente relacionada à ação dos alunos da graduação no Estágio e os bolsistas do PIBID. É justamente esse o papel da Universidade, assumir-se como centro pensante dessa discussão, e agente articulador entre as ideias e a prática.

Para encerrar o SISPEM com música, visto que o recital previsto pro Cultart havia sido cancelado por problemas técnicos da casa, improvisou-se no mesmo espaço da mesma redonda uma belíssima apresentação do quinteto Clarinetando. Destaque para o clarinete-baixo (ou clarone) tocado por Enéas. Foram poucas e curtas peças, mas necessárias para lavar a alma, depois de tanta discussão. Que venham mais simpósios! Antes de encerrar ainda houve sinalizações de continuação das discussões entre os alunos, dentro das assembleias do diretório acadêmico. Parece que o “bichinho” mordeu pra valer...

P.S.1: Todas as fotos deste post de autoria de Paulinho "Groove".
P.S.2: Blog do SISPEM: http://www.sispem.blogspot.com

5 comentários:

Anônimo disse...

Beleza de post! Aprendi um bocado. Parabéns a todos os responsáveis e boa sorte nos próximos desafios!

dd disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Hugo Ribeiro disse...

Gostei muito dos relatos do SISPEM. Fico feliz que tudo esteja dando certo no NMU. Obrigado pelos vídeos sobre o século XX. Como estou lecionando História da Música IV (Século XX), vou utilizá-los em sala de aula com suas legndas.

Tudo de bom e mande um abraço para todos.

Hugo

Teresa Cristina disse...

Parabéns pelo texto, está maravilhoso!
Que bom que o II SISPEM foi assim. Pena que não pude participar, poi tive que optat em ir para Goiânia ou participar do SISPEM. (muitas aulas para repor, mal de professor né!)
Espero que o próximo seja melhor ainda!

Um grande abraço!


Terea

Fabio Snoozer disse...

Puxa, agradeço o feedback positivo, começando com o Amaral que não é da área, mas achou a informação interessante o suficiente!
Mestre Hugo, fico feliz que alguma coisa desse blog vá servir para sua atuação acadêmica!!
E, Teresa, realmente só faltou você. ;)
Abreijos