Esse post é especial, pois esses discos não saíram em cd, e trata-se de um genuíno trabalho de pesquisa e resgate do que há de melhor na música brasileira, com um passeio também pelo erudito de outras praças. A estória é a seguinte, morávamos eu e minha patroa em São Paulo e no meu aniversário de 28 aninhos ela resolveu garimpar alguns sebos na Rua Augusta. O que chegou em casa (além de um belíssimo filme de Jean Renoir) não parecia muito convidativo: uma caixa de Lps com aquele clássico logotipo da Rede Globo bem grande estampado, e nenhuma referência a artistas ou gênero musical. Mas era só abrir a 'Pandora's Box' e a coisa mudava de figura. Três disquinhos muito bem embalados, conservados, cada um com seu encarte com textos e ficha técnica... um verdadeiro achado! Ano de lançamento: 1977, gravadora Som Livre, lógico. Desconheço o propósito desse lançamento (a caixa), se foi comercial ou interno dentro dessa mega-empresa chamada Globo. Nem no enorme portal Discos do Brasil há qualquer referência. Até escrevi pra idealizadora do projeto e ela disse que tinha conhecimento desse material, mas não o tinha em sua discoteca, por isso os discos não constavam. Mas uma recente pesquisa googliana me revelou que esses discos tiveram lançamento comercial e independentes um do outro. Pelo menos os dois primeiros listados aí em baixo. O terceiro é que não achei referência alguma. Será que ele saiu apenas nesse formato? O que importa é colocar essas relíquias no mapa discográfico brasileiro, porque merecem. Então vamos às bolachas:
- Os Carioquinhas no Choro: o texto no encarte de autoria de Sérgio Cabral fala mais do centenário do choro carioca do que o grupo em si. Os músicos d'Os Carioquinhas não são creditados, e sim as particpações especiais; no texto há menção de que trata-se de uma turma jovem, entre 15 e 22 anos, e os nomes citados são Luciana, Rafael, Téo, Mário e Paulo, apesar de um septeto aparecer tocando na foto bem relax, por sinal. No Clique Music o grupo consta como Luciana Rabello/Raphael Rabello/Maurício Carrilho. Isso explica algumas coisas, não? Excelência instrumental e tudo em família... O repertório inclui 03 músicas do sergipano Luiz Americano (ói ele de novo)! Neste site dá até pra comprar o dito cujo.
- Altamiro Carrilho, Abel Ferreira, Formiga e Paulo Moura interpretam Vivaldi, Weber, Purcell e Villa-Lobos com a Orquestra Sinfônica Brasileira sob a regência de Júlio Medaglia: bom, o que acrescentar? Deu pra sentir o drama né? Simplesmente pegaram os melhores caras do choro nacional, com uma orquestra gabaritada e um maestro casca-grossa, e o resultado? Baixe ae e acredite! A peça de Villa-Lobos é especialmente maravilhosa...
- Música Popular Brasileira do séc. XIX no Vale do Paraíba: esse é realmente histórico (inclusive para quem está cursando História da Música, dá um estudo interessante). Os irmãos Régis e Rogério Duprat encabeçam esse projeto, e o que se ouve são polcas, dobrado, tango e valsa, interpretados por um baita naipe de sopros, no melhor estilo "banda de música". Diversão garantida!!!
E viva la vynil...
Um comentário:
Tesouros, tesouros.
Valeu, Fabinho. Gostaria de ter ido ao Tributo. Me programei, mas não rolou. No próximo da Snooze eu vou. A cidade está linda.
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