É nisso aí que meti as caras desde a última quarta-feira. O Curso Internacional de Verão de Brasilia é referência mundial, oportunidade pra rever técnicas, aprofundar conhecimentos e ver shows, muitos shows de grandes nomes da música instrumental brasileira - tanto no erudito como no popular. Aliás, essa parece ser uma premissa da Escola de Música como um todo, quebrar essas barreiras, o que é ótimo. Alguns professores meus da Ufs já tinham apontado pressa nova tendência de pensar música como uma coisa só, sem essas amarras. Afinal o que é conhecido como música clássica foi extremamente popular em sua época, e qualquer compositor vai ter como objetivo final ser ouvido pelos outros, enfim...
Meu professor de contrabaixo aqui é Jorge Helder. Figura de uma simplicidade comovente, faz muito minha linha: pouco virtuose - na verdade esse sou eu, o Jorge é virtuose sem firulas -, mais interessado no papel do baixista na construção melódico-harmônica de um trabalho musical, e cheio de dicas ou "truques" para dar aos alunos. Boas histórias sobre sua impressionante carreira, com cerca de 2.000 músicas gravadas no Brasil e exterior. O outro curso que estou fazendo é "Oficina de Improvisação". Acabei ficando na turma avançada, pois na entrevista me saí bem com as perguntas de harmonia! Mas não sei até onde isso foi interessante, pois tô penando nessa aula. Teve clínica individual, e o material teórico é pesado. Fora isso o professor (Ademir Junior, saxofonista) tem teorias psicológicas bastante interessantes sobre o improvisador. Vale a pena baixar a apostila dele, pra quem gosta de se aventurar em solos e nunca soube exatamente o que está fazendo...
Essas são as aulas da tarde. Às 8 da matina tenho que estar a postos com o baixo afinado pro ensaio da Big Band. Há dois maestros, um alagoano (Jonas) figuraça que ensaia muitos frevos, e o Manoel Carvalho, outro figura, que faz a linha de maestro chato, mas parece saber o que está fazendo. É o repertório dele que tô tocando mais, tem outro baixista fazendo a maioria dos frevos. Rola muito chorinho (yes!), e um ou outro swing. Parece que já me apresento essa próxima quinta. Na outra semana devo tocar também com um grupinho que formei com Davysson, pra Prática de Conjunto, que não é exatamente aula, mas o professor (Hamilton Pinheiro, baixista), manda a galera formar os grupos e ensaiar, que ele vai avaliar antes de marcar apresentação. Não é nada igual ao que vivi nos 06 semestres de Souza Lima, onde os professores de prática não só orientavam os grupos sobre como tocar, mas escolhiam o repertório e até distribuíam os alunos nos grupos. Mas é isso, nada é perfeito...
Uma coisa bacana desse curso é que rolam shows quase que diários. O concerto de abertura na quarta foi metade erudito, um duo de flauta e piano, e popular, com um Quinteto que incluía os profs. Hamilton no baixo e Ademir no sax. Muito bom! Sexta foi meio bizarro, botaram uma banda de rock pra tocar, talvez numa tentativa de abranger todos os estilos. Mas a escolha foi péssima, a banda só tocou hits batidíssimos da década de 90, misturando com Deep Purple e "Born to be wild"... foi no mínimo bizarro ouvir coisas como "Man in the box" e "Enter Sandman" por uma banda meia-boca (apesar dos bons músicos). Mas é isso, viva a diversidade. Agora heavy mesmo foi o show de sábado. Aí foi arrepiante, todo mundo saiu andando em nuvens. Tô falando do Nosso Trio: Nelson Faria, Ney Conceição e Kiko Freitas quebraram tudo. Não dá pra descrever em palavras, mas foi o show que todos os alunos estavam precisando. Teatro lotadíssimo, os caras sintetizaram o sentimento geral de todos ávidos em fazer música. Foi uma experiência muito marcante pra muita gente.
Daí ontem mesmo o Marcelo Snoozer sequestrou eu e Davysson pra fazer um som na casa de um amigo. O lugar era uma espécie de xalé já em Sobradinho, no meio do nada. Ficamos até de madrugada tocando de tudo. Claro que rolou um revival de Snooze e Beatles no repertório, mas tocamos vários Jobins e standards de jazz. Fiquei bem feliz de saber que Marcelo acordou recentemente pra sua veia musical, ele tem tomado aulas de violão erudito e passou a se interessar em estudar harmonia e teoria musical. Também visitei a rádio que o pai dele montou em casa. É bem reconfortante a noção de que os amigos de verdade duram pra sempre, não importa os rumos que nossa vida toma.
Hoje fiz programas turísticos com meu tio-primo (depende do ponto de vista) e sua esposa. Conheci o Museu Nacional, que é um projeto recente do Niemeyer. Depois visitamos uma exposição no CCBB: Arte para Crianças. Muito legal, fiquei só imaginando minha Julinha encapetada e chorando para não ir embora. Eram vários espaços, com diversas instalações, vídeos e salas com coisas pra galerinha manipular e brincar. Muito bom o espaço, melhor que o de SP onde concentram tudo no prédio histórico do BBrasil. Aqui é todo um complexo, e tudo muito belo, aliás como quase tudo nessa cidade, tirando os prédios dos Ministérios, que é uma coisa horrível. Ainda no domingo fiz uma prova via msn (sign o' the times) e fui no cinema com meus hosts. Amanhã me mudo pro alojamento da Escola pra dar conta dos ensaios, estudar mais e economizar nas passagens de ônibus. Apesar de ainda ter umas pendências da faculdade pra entregar via internet, acho que é o melhor a fazer nesses próximos dias. Estar aqui já é um privilégio, pretendo pelo menos dar o máximo de mim pra fazer bem feito e sair daqui cheio de idéias para aplicar nas gigs e aulas que conseguir dar em Aracaju. A propósito, alguém aí a fim de aulas de contrabaixo (kd a interrogação...). Desempregado procura, favor encaminhar propostas para fabiosnoozer@gmail.com, ou simplesmente deixar um comentário nesse blog que entro em contato imediato de any degrau.
Agradecido pela atenção. Câmbio desligo.
Um comentário:
Salve o CIVEBRA! Se não fosse esse curso, acho que nada haveria para se fazer em bsb nessa época. de graça então... fantástico!
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