domingo, 3 de outubro de 2010

Exercício pós-tonal e divagações octatônicas

Feito primeiro no Sibelius (para eu poder ouvir as notas), escrevi no Lily Pond (que é gratuito, bonito e gera midi) este exercício para a disciplina Estruturação Musical VI, que entregarei hoje na UFS. A ideia do post é testar esse aplicativo, também gratuito. Com ele dá para tomar gosto em publicar mais partituras e slides produzidos para trabalhos acadêmicos. Também posto o audio, para apreciação.

Daí pensei que poderia fazer o trabalho completo, e resolvi pesquisar sobre o objeto de estudo em si: a Escala Octatônica. Em sua dissertação de Mestrado pela Federal de Goiás, Marlou Peruzzolo Vieira (2010) oferece alguma luz quanto à sua conceituação:

 "Escala octatônica é um termo aplicável a qualquer formação escalar que faça uso de oito notas diferentes no âmbito de uma oitava (WILSON, 2008). (...) Designação para uma escala que consiste na alternância de segundas maiores e segundas menores (KOTSKA, 2006, p. 31). (...) Há, portanto, dois modos desta escala".


Segundo Adriano Gado (2009), em uma comunicação disponível aqui, "um dos interesses pelos compositores quanto à sua utilização reside na riqueza de propriedades internas que ela possui". Citando Joel Lester (1989), o autor aponta que por "conter quatro trítonos, seu uso sugere ênfase em divisões iguais da oitava".

Em tempo, o trítono é aquele intervalo ouvido no riff principal da música "Black Sabbath" (G - G - Db), e não por acaso, costumava ser conhecido como o diabolus in musica durante a Idade Média (WISNIK, 1999, p. 82). Sua constituição é de três tons inteiros, daí o nome. Mais sobre ele aqui.

Voltando à Esala Octatônica, Gado (2009) traz a categorização de Pieter Toorn (1983), que diz respeito às três possíveis transposições desta escala. Isto porque todas as outras "são repetições enarmônicas destas três possibilidades" (VIEIRA, 2010). Em acordo com Kotska (2006) e Wilson (2008), estas transposições podem ser resumidas tomando como ponto de partida as notas dó, dó# e ré. No quadro abaixo, transcrevo da forma sugerida por Toorn, a partir das notas mi, fá e fá#. É tão verdade que "dá na mesma" que podemos fazer a correlação. Na forma OCT 1 temos o ré, a OCT 2 contém a nota dó, e no OCT 3 aparece o ré bemol, enarmônico de dó#.

Por fim, é importante mencionar, que no jazz a "escala diminuta" e a chamada "dom-dim" são as duas formas da escala octatônica. Moral da estória, não é porque é pós-tonal que precisa ficar no academicismo. A aplicação na improvisação (especialmente em músicas de caráter modal) resulta em sonoridades bastante ricas e por isso devemos aprofundar nosso conhecimento na prática! Saiba mais aqui e bons estudos...


Sobre o título de meu exercício: um "octopussy" pode ser entendido como um gato de oito pernas.  Referência? "Meu Vizinho Totoro", obrigatório para os fãs de animação...


octatonico
octatonico.midi
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2 comentários:

Juli disse...

Muito bom Fabinho!!! rs

.'-D

xêro

Fabio Snoozer disse...

Pena que o professor disse que tá errado... ;))
Vou refazer usando apenas uma das versões da escala, nesse eu alternei usando as duas.
Mas que bom que gostou do post! Até mais!