segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
Sn00ze e Plástico Lunar no Capitão Cook
Para acabar o ano de bem com o Rock, uma ótima ideia para uma festa se transformou em um evento que vai botar o Cook pra ferver. Tudo começou com um combo do Snooze tocando no casamento do amigo Ian Moreira. Com o sucesso do repertório anos 80 com Beatles, o pessoal ficou com "gosto de quero mais". Rapidamente já tínhamos um novo show para divulgar, com os comparsas do Plástico Lunar, mostrando suas novas composições e os clássicos do cancioneiro psicodélico sergipano.
No repertório do Snooze, prometemos cobrir toda a carreira (uma demo, 03 CDs) e tocar novo material, que estamos aos poucos dando forma para poder gravar.
Além disso, dois dos produtores da festa irão mostrar seus talentos como DJs, numa batalha que promete não deixar ninguém entediado antes, entre e depois das bandas.
Quer mais motivo para festejar??
Até quinta!
Matéria do portal da Infonet aqui.
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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Exercício de composição pós-tonal
Chega ao fim mais um período de faculdade, o 6° para mim. Um dos trabalhos que tive especial interesse em fazer nessa reta final (entre inúmeros relatórios de estágio que entreguei com um dia de atraso) foi da disciplina Estruturação VI, ministrada pelo Prof. Hermilo Santana. Essa matéria é basicamente composição, e marcou muito os alunos das primeiras turmas do curso de Licenciatura da UFS, por ser a cadeira ocupada anteriormente pelo Prof. Dr. Hugo Ribeiro, atualmente na UNB. Quem conhece Hugo deve imaginar o porquê. Como amigo, o ex-guitarrista e/ ou tecladista do Warlord é até um doce de pessoa (em seu jeito peculiar de ser), mas como professor, ele é capaz de deixar traumas, ao mesmo tempo que é unanimidade no quesito competência profissional. As primeiras turmas de Estruturação Musical colecionam histórias ora bizarras e ora hilárias de Hugo à frente como professor. Já é lendária a ocasião em que, aplicando uma prova - onde a essência era compor -, o professor tocou violão, cantando com sua "linda" voz e, não satisfeito, acionou o micro system com alguma banda de heavy metal, sem se preocupar com os protestos dos alunos. Seu nível de exigência incluía a leitura de no mínimo 02 livros por semestre, livros que não necessariamente refletiam seu conteúdo na disciplina, porém serviam como completo, uma espécie de curso paralelo de erudição musical que a gente era obrigado a passar, só por sermos alunos dele.
Nesse momento então que encerro o ciclo começado em 2008, quando entrei no curso, gostaria de compartilhar a composição pós-tonal, que acabou sendo a avaliação final do Prof. Hermilo.
Esta é uma peça para piano baseada na Teoria dos Conjuntos. Eu já havia tido uma introdução a esse universo através do Prof. Bordini, que esteve aqui no II SISPEM, e sinto não ter tido a oportunidade de ouvir de Hugo sua maneira de pensar a música pós-tonal. Quem sabe um dia...
Os conjuntos utilizados foram:
- 0, 1, 2, 8 (que formam a data de aniversário de minha filha) - Dó, Dó#, Ré e Sol#
- 0, 1, 7, 11 (sub-conjunto do anterior, com duas notas em comum) - Dó, Dó#, Sol e Si
- 2, 6, 7, 8 (transposição do anterior, uma quinta justa acima) - Ré, Fá#, Sol, Sol#
O título "há 05 anos atrás", em inglês, é uma referência ao nascimento da Juju, cujo aniversário aconteceria na semana que entreguei o trabalho... Não sei dizer se ela gostaria de ouvir o resultado, mas ela me viu compondo e também quis participar. Diferente do que se pensa no senso comum de que "qualquer nota tá valendo" para esse tipo de música (que não é atonalismo livre), o controle tem que ser absoluto. Segundo o professor Hermilo, o que acontece é que o resultado sonoro desse tipo de música em geral é "frio", como uma música não dotada de emoção, por ser altamente cerebral e calculada. O fato é que gosto é uma coisa estranha, mas juro que prefiro ouvir uma peça de Schoenberg das mais medonhas ao barulho que ecoa das rádios comerciais, que muita gente usa como "música ambiente", condicionados pelos programadores, que por sua vez são guiados pela indústria. Não é música para toda hora, mas ouvidos atentos poderão achar fortes emoções em Stockhausen, Ligeti ou Xenakis, ou tantos outros. It's just music.
Em tempo: http://www.catm.co.uk/
Enjoy!
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domingo, 24 de outubro de 2010
Electronic Sound [1969]
Em 1969, o mundo ocidental vivia no mundo da Lua. Melhor dizendo, a corrida espacial entre EUA e URSS inspirava não só músicos, poetas e cineastas, mas era parte do vocabulário do cotidiano, visto que tudo que os yankees consideram oficialmente relevante parece reverberar culturalmente. Um ano antes, Stanley Kubrick através de seu "2001: Uma Odisséia no Espaço", revelou o que o jazzista doidão Sun Ra sintetizaria em alguns anos: "space is the place".
Mas pera ae, a capa desse disco aí ao lado diz "produced by George Harrison", né o cara dos Beatles? É. Ele fez um disco de música eletrônica (gargalhadas histéricas). "Electronic Sound" é mesmo uma viagem, bixo. Nas palavras do pai da criança: "pode-se chamar de avant garde, mas uma descrição mais adequada seria (como diria meu velho amigo Alvin) pista avant garde!". Entendeu?
Este foi um dos dois lançamentos da Zapple, subsidiária da Apple Corps., empresa fundada pelos besouros um ano antes. John Lennon (sua futura conexão com Zappa me deixa intrigado...) era o principal entusiasta dessa vertente vanguardista, tendo sido responsável pela inclusão de "Revolution #9" no álbum branco. Apesar de Paul brincar com "música séria" bem antes (vide post sobre o Revolver), nessa época ele preferiu ficar de fora das maluquices, e George resolveu dar sua contribuição (ele também havia colaborado em "Revolution #9", ao contrário de Paul). Só que este "Electronic Sound" tem pouco ou nada ver com a série Unfinished Music de John & Yoko, estando estritamente presa a seu título. Como disse, é um disco de música eletrônica. Trata-se de duas faixas (cada uma ocupando um lado do disco) onde o experimento sonoro é simplório ao ponto de podermos visualizar o cabeludo brincando de cientista maluco com seu Moog. E como todo sintetizador, dá pra fazer um bocado de barulho. "Under the Mersey Wall", a primeira faixa parece definitivamente trilha sonora de filme espacial. Há de aparecer algum doido para sincronizá-la com 2001! Já "No Time or Space" é bem mais tensa, e menos interessante. Também é intenso o uso do chamado "ruído branco", que foi aproveitado na introdução de "I Remember Jeep", presente no All Things Must Pass. Curioso mesmo é que Bernie Krause, creditado como assistente da sessão realizada na California em Novembro de 68, processou Harrison alegando que o que foi lançado ali no lado 2 consistia de sua própria demonstração de como operar o Moog III. Verdades ou mentiras, o fato é que a outra gravação data de fevereiro do novo ano. Georginho juntou 1+1, pintou essa lindeza de capa, e pronto, virou vanguardista (rs.). E antes de julgar, porque não ouvir? Encerro traduzindo uma citação que figura no encarte da obra (opa, duplo sentido?):
"Existe muita gente por aí fazendo um monte de barulho... aqui vai um pouco mais" (Arthur Wax)
Aqui (.mp3, 128 kbps)
Mas pera ae, a capa desse disco aí ao lado diz "produced by George Harrison", né o cara dos Beatles? É. Ele fez um disco de música eletrônica (gargalhadas histéricas). "Electronic Sound" é mesmo uma viagem, bixo. Nas palavras do pai da criança: "pode-se chamar de avant garde, mas uma descrição mais adequada seria (como diria meu velho amigo Alvin) pista avant garde!". Entendeu?
Este foi um dos dois lançamentos da Zapple, subsidiária da Apple Corps., empresa fundada pelos besouros um ano antes. John Lennon (sua futura conexão com Zappa me deixa intrigado...) era o principal entusiasta dessa vertente vanguardista, tendo sido responsável pela inclusão de "Revolution #9" no álbum branco. Apesar de Paul brincar com "música séria" bem antes (vide post sobre o Revolver), nessa época ele preferiu ficar de fora das maluquices, e George resolveu dar sua contribuição (ele também havia colaborado em "Revolution #9", ao contrário de Paul). Só que este "Electronic Sound" tem pouco ou nada ver com a série Unfinished Music de John & Yoko, estando estritamente presa a seu título. Como disse, é um disco de música eletrônica. Trata-se de duas faixas (cada uma ocupando um lado do disco) onde o experimento sonoro é simplório ao ponto de podermos visualizar o cabeludo brincando de cientista maluco com seu Moog. E como todo sintetizador, dá pra fazer um bocado de barulho. "Under the Mersey Wall", a primeira faixa parece definitivamente trilha sonora de filme espacial. Há de aparecer algum doido para sincronizá-la com 2001! Já "No Time or Space" é bem mais tensa, e menos interessante. Também é intenso o uso do chamado "ruído branco", que foi aproveitado na introdução de "I Remember Jeep", presente no All Things Must Pass. Curioso mesmo é que Bernie Krause, creditado como assistente da sessão realizada na California em Novembro de 68, processou Harrison alegando que o que foi lançado ali no lado 2 consistia de sua própria demonstração de como operar o Moog III. Verdades ou mentiras, o fato é que a outra gravação data de fevereiro do novo ano. Georginho juntou 1+1, pintou essa lindeza de capa, e pronto, virou vanguardista (rs.). E antes de julgar, porque não ouvir? Encerro traduzindo uma citação que figura no encarte da obra (opa, duplo sentido?):
"Existe muita gente por aí fazendo um monte de barulho... aqui vai um pouco mais" (Arthur Wax)
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sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Unfinished Music No.1: Two Virgins [1968]
Hora de chutar-o-pau-da-barraca. Lançado no emblemático novembro de 1968, Two Virgins foi gravado na verdade em meados de março, portanto oito meses antes. Após o Wonderwall do George, e com o novo The Beatles revelando excentricidades como "Revolution #9", o terreno parecia mais que propício para John Lennon & Yoko Ono se assumirem como casal e parceiros na arte, com ou sem Beatles.
Mas naquela produtiva noite de março, o futuro casal mal se conhecia. Lennon e sua esposa Cynthia haviam retornado de Rishikesh, Índia - após o mergulho dos Beatles na meditação transcendental - e John parecia disposto a salvar o casamento já em ruínas. Porém, trocando telefonemas com Yoko, a quem ele conhecia desde 66, John aproveitou uma viagem da esposa para a Itália para convidá-la até seus aposentos em Kenwood, onde também se encontrava seu amigo de longa data, Pete Shotton. John e Pete haviam gravado inúmeras fitas durante aquelas semanas (assim como na juventude, os dois adoravam fazer rimas nonsense), e foram essas gravações a base do que viria a ser "Two Virgins".
A ideia é comovente, de tão ingênua. Os pombinhos começaram a noitada dividindo um ácido (acho que a essa altura o Pete já havia dado o fora) - hábito que eles levariam para a futura vida a dois, só que usando heroína. E então deram vazão à loucura produzindo enquanto a noite durava o que ouvimos durante o o disco. As divisões de sessão (Two Virgins 1, 2, etc.) não fazem sentido se pensarmos que a música (se é que podemos chamá-la assim) é como o retrato da capa, tirada meses depois. Um snaphot de um acontecimento, de um love affair. Este, especificamente, só foi consumado após a conclusão da gravação, daí vem a ideia de estarem se descobrindo e se apaixonando, indiferentes ao mundo lá fora, como dois virgens. E daí por diante nada seria do jeito que era antes na vida dos dois...
Após muitos assobios, uma série de sons randômicos no piano começam a aparecer, entrecortados por ruídos. Em seguida uma gravação com rotação alterada se contrapõe aos primeiros vocalizes de Ono, e o primeiro clímax é um grito bastante estridente. Lá pros 6:00 a coisa fica bem interessante: o disco gravado continua tocando (beeem lento), os ruídos se tornam mais intensos, e o piano chega a tentar uma progressão bastante atonal. Seja quem for o pianista do casal, mandou bem. Em geral é fácil achar tudo uma droga e jogar a culpa na voz da Yoko, mas nessa gravação em particular parece que tudo funciona. Os vocalizes de Ono tem um terreno perfeito na loucura concebida pelo Lennon-produtor, incluindo os ocasionais diálogos. Em termos de textura musical, o experimentalismo dos dois tá mais pra dadaísmo do que pra qualquer corrente musical estabelecida. Conclusão? Two Virgins é uma obra sem par, ame ou odeie. Espontâneo, corajoso, e altamente verdadeiro. O final do lado 1 é perfeito nesse sentido, com o "excuse me" de John para apertar o botão de parar do gravador, independente do climão que estava rolando entre a reverberação de algum instrumento e a voz da moça. O lado 2 é extremamente "mais do mesmo"; se não gostou da primeira metade, melhor desistir. A cereja do bolo mesmo é o bonus track do Cd editado em 1997, como parte dos relançamentos do catálogo de Yoko Ono. "Remember Love" é uma pérola, lançada originalmente como Lado B do compacto "Give Peace a Chance". A voz de Yoko é tão doce, que me faz crer que se ela não fosse tão vanguardista em suas concepções artísticas, ela poderia muito bem ter se tornado uma cantora folk/ pop bastante bem sucedida. O violão dedilhado de John lembra muito "Sun King", presente no Abbey Road. Obrigatório.
Download link (.mp3, 192 kbps)
Mas naquela produtiva noite de março, o futuro casal mal se conhecia. Lennon e sua esposa Cynthia haviam retornado de Rishikesh, Índia - após o mergulho dos Beatles na meditação transcendental - e John parecia disposto a salvar o casamento já em ruínas. Porém, trocando telefonemas com Yoko, a quem ele conhecia desde 66, John aproveitou uma viagem da esposa para a Itália para convidá-la até seus aposentos em Kenwood, onde também se encontrava seu amigo de longa data, Pete Shotton. John e Pete haviam gravado inúmeras fitas durante aquelas semanas (assim como na juventude, os dois adoravam fazer rimas nonsense), e foram essas gravações a base do que viria a ser "Two Virgins".
A ideia é comovente, de tão ingênua. Os pombinhos começaram a noitada dividindo um ácido (acho que a essa altura o Pete já havia dado o fora) - hábito que eles levariam para a futura vida a dois, só que usando heroína. E então deram vazão à loucura produzindo enquanto a noite durava o que ouvimos durante o o disco. As divisões de sessão (Two Virgins 1, 2, etc.) não fazem sentido se pensarmos que a música (se é que podemos chamá-la assim) é como o retrato da capa, tirada meses depois. Um snaphot de um acontecimento, de um love affair. Este, especificamente, só foi consumado após a conclusão da gravação, daí vem a ideia de estarem se descobrindo e se apaixonando, indiferentes ao mundo lá fora, como dois virgens. E daí por diante nada seria do jeito que era antes na vida dos dois...
Após muitos assobios, uma série de sons randômicos no piano começam a aparecer, entrecortados por ruídos. Em seguida uma gravação com rotação alterada se contrapõe aos primeiros vocalizes de Ono, e o primeiro clímax é um grito bastante estridente. Lá pros 6:00 a coisa fica bem interessante: o disco gravado continua tocando (beeem lento), os ruídos se tornam mais intensos, e o piano chega a tentar uma progressão bastante atonal. Seja quem for o pianista do casal, mandou bem. Em geral é fácil achar tudo uma droga e jogar a culpa na voz da Yoko, mas nessa gravação em particular parece que tudo funciona. Os vocalizes de Ono tem um terreno perfeito na loucura concebida pelo Lennon-produtor, incluindo os ocasionais diálogos. Em termos de textura musical, o experimentalismo dos dois tá mais pra dadaísmo do que pra qualquer corrente musical estabelecida. Conclusão? Two Virgins é uma obra sem par, ame ou odeie. Espontâneo, corajoso, e altamente verdadeiro. O final do lado 1 é perfeito nesse sentido, com o "excuse me" de John para apertar o botão de parar do gravador, independente do climão que estava rolando entre a reverberação de algum instrumento e a voz da moça. O lado 2 é extremamente "mais do mesmo"; se não gostou da primeira metade, melhor desistir. A cereja do bolo mesmo é o bonus track do Cd editado em 1997, como parte dos relançamentos do catálogo de Yoko Ono. "Remember Love" é uma pérola, lançada originalmente como Lado B do compacto "Give Peace a Chance". A voz de Yoko é tão doce, que me faz crer que se ela não fosse tão vanguardista em suas concepções artísticas, ela poderia muito bem ter se tornado uma cantora folk/ pop bastante bem sucedida. O violão dedilhado de John lembra muito "Sun King", presente no Abbey Road. Obrigatório.
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domingo, 10 de outubro de 2010
Wonderwall Music by George Harrison [1968]
"Today is gonna be the day...". É, nem no título de sua música mais famosa o Oasis escapa de uma referência (geralmente inferior) aos mestres de Liverpool.
A segunda incursão Beatle em um projeto fora do grupo também foi uma trilha sonora. George Harrison recebeu essa incumbência no esquema "o que você fizer está bom", e assim foi. O resultado é surpreendente, pela diversidade do material e originalidade, vindo de um músico de uma banda de rock, que havia lançado apenas 02 músicas com orientação indiana (a saber: "Love You To" e "Within You Without You").
Gravado entre Londres e Bombay, "Wonderwall Music" é interessante tanto do ponto de vista da música indiana (as sessões na EMI indiana também renderam "The Inner Light", pros Beatles), como das partes mais experimentais, que ao que parece ilustram cenas do filme em que a psicodelia e o surrealismo imperam. Não é um disco de canções, que o compositor só viria a escoar de verdade dois anos mais tarde em "All things must pass", mas também não é um disco de experimentalismo gratuito (este, a gente fala em breve neste blog). George compôs com liberdade total e é assim que um piano honky-tonk em "Drilling a home" convive com instrumentos indianos (sarod, tabla, shanhais, cítaras...) em outros momentos. São 19 peças instigantes, mesmo sem imagens para ilustrar. "Ski-ing" é um ótimo rock, e assim como Paul em "The Family Way", Harrison não toca (pelo menos não creditado), e no encarte além dos músicos listados da Índia ou Inglaterra, ele agradece aos loops dos amigos. Eddie Clayton é na verdade Eric Clapton.. Rich Snare, Ringo Starr e Peter Tork dos Monkees não é creditado (como Harrison) tocando um banjo emprestado de McCartney. Ashish Kahn é o nome indiano em destaque como performer.
A ideia a princípio foi fazer uma mini-antologia de música indiana para continuar sua recente empreitada de divulgador oficial dessa música no Ocidente. Ele conta que a experiência de gravar na Índia foi instigante porque ele tinha que mixar tudo na hora, pois lá eles trabalhavam com apenas um gravador em mono. Nos termos de Harrison, eles estavam mal-acostumados em Londres com as mesas de 08 e agora 16 canais, então o desafio era fazer tudo acontecer "valendo". Fora isso, não havia isolamento acústico, então em algumas faixas 'indianas' é possível ouvir carros passando, e quem disse que isso é ruim? A sensação durante toda a audição é de música feita espontaneamente, sem pressão. Bem diferente do inferno astral que George viveria com os Beatles dali pra frente, até o fim.
Historicamente, além de ser o primeiro lançamento oficial de um Beatle fora do grupo (levando-se em conta que em "The Family Way" a música de McCartney é incidental), foi o primeiro LP lançado pela recém criada Apple Records, saindo semanas antes do Álbum Branco dos Beatles. Fora de catálogo, devemos agradecer a todos os deuses indianos ou não pela Internet e seus bancos de dados sagrados. Amen.
Download link (.mp3, 128 kbps)
A segunda incursão Beatle em um projeto fora do grupo também foi uma trilha sonora. George Harrison recebeu essa incumbência no esquema "o que você fizer está bom", e assim foi. O resultado é surpreendente, pela diversidade do material e originalidade, vindo de um músico de uma banda de rock, que havia lançado apenas 02 músicas com orientação indiana (a saber: "Love You To" e "Within You Without You").
Gravado entre Londres e Bombay, "Wonderwall Music" é interessante tanto do ponto de vista da música indiana (as sessões na EMI indiana também renderam "The Inner Light", pros Beatles), como das partes mais experimentais, que ao que parece ilustram cenas do filme em que a psicodelia e o surrealismo imperam. Não é um disco de canções, que o compositor só viria a escoar de verdade dois anos mais tarde em "All things must pass", mas também não é um disco de experimentalismo gratuito (este, a gente fala em breve neste blog). George compôs com liberdade total e é assim que um piano honky-tonk em "Drilling a home" convive com instrumentos indianos (sarod, tabla, shanhais, cítaras...) em outros momentos. São 19 peças instigantes, mesmo sem imagens para ilustrar. "Ski-ing" é um ótimo rock, e assim como Paul em "The Family Way", Harrison não toca (pelo menos não creditado), e no encarte além dos músicos listados da Índia ou Inglaterra, ele agradece aos loops dos amigos. Eddie Clayton é na verdade Eric Clapton.. Rich Snare, Ringo Starr e Peter Tork dos Monkees não é creditado (como Harrison) tocando um banjo emprestado de McCartney. Ashish Kahn é o nome indiano em destaque como performer.
A ideia a princípio foi fazer uma mini-antologia de música indiana para continuar sua recente empreitada de divulgador oficial dessa música no Ocidente. Ele conta que a experiência de gravar na Índia foi instigante porque ele tinha que mixar tudo na hora, pois lá eles trabalhavam com apenas um gravador em mono. Nos termos de Harrison, eles estavam mal-acostumados em Londres com as mesas de 08 e agora 16 canais, então o desafio era fazer tudo acontecer "valendo". Fora isso, não havia isolamento acústico, então em algumas faixas 'indianas' é possível ouvir carros passando, e quem disse que isso é ruim? A sensação durante toda a audição é de música feita espontaneamente, sem pressão. Bem diferente do inferno astral que George viveria com os Beatles dali pra frente, até o fim.
Historicamente, além de ser o primeiro lançamento oficial de um Beatle fora do grupo (levando-se em conta que em "The Family Way" a música de McCartney é incidental), foi o primeiro LP lançado pela recém criada Apple Records, saindo semanas antes do Álbum Branco dos Beatles. Fora de catálogo, devemos agradecer a todos os deuses indianos ou não pela Internet e seus bancos de dados sagrados. Amen.
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domingo, 3 de outubro de 2010
Exercício pós-tonal e divagações octatônicas
Feito primeiro no Sibelius (para eu poder ouvir as notas), escrevi no Lily Pond (que é gratuito, bonito e gera midi) este exercício para a disciplina Estruturação Musical VI, que entregarei hoje na UFS. A ideia do post é testar esse aplicativo, também gratuito. Com ele dá para tomar gosto em publicar mais partituras e slides produzidos para trabalhos acadêmicos. Também posto o audio, para apreciação.
Daí pensei que poderia fazer o trabalho completo, e resolvi pesquisar sobre o objeto de estudo em si: a Escala Octatônica. Em sua dissertação de Mestrado pela Federal de Goiás, Marlou Peruzzolo Vieira (2010) oferece alguma luz quanto à sua conceituação:
"Escala octatônica é um termo aplicável a qualquer formação escalar que faça uso de oito notas diferentes no âmbito de uma oitava (WILSON, 2008). (...) Designação para uma escala que consiste na alternância de segundas maiores e segundas menores (KOTSKA, 2006, p. 31). (...) Há, portanto, dois modos desta escala".
Segundo Adriano Gado (2009), em uma comunicação disponível aqui, "um dos interesses pelos compositores quanto à sua utilização reside na riqueza de propriedades internas que ela possui". Citando Joel Lester (1989), o autor aponta que por "conter quatro trítonos, seu uso sugere ênfase em divisões iguais da oitava".
Em tempo, o trítono é aquele intervalo ouvido no riff principal da música "Black Sabbath" (G - G - Db), e não por acaso, costumava ser conhecido como o diabolus in musica durante a Idade Média (WISNIK, 1999, p. 82). Sua constituição é de três tons inteiros, daí o nome. Mais sobre ele aqui.
Voltando à Esala Octatônica, Gado (2009) traz a categorização de Pieter Toorn (1983), que diz respeito às três possíveis transposições desta escala. Isto porque todas as outras "são repetições enarmônicas destas três possibilidades" (VIEIRA, 2010). Em acordo com Kotska (2006) e Wilson (2008), estas transposições podem ser resumidas tomando como ponto de partida as notas dó, dó# e ré. No quadro abaixo, transcrevo da forma sugerida por Toorn, a partir das notas mi, fá e fá#. É tão verdade que "dá na mesma" que podemos fazer a correlação. Na forma OCT 1 temos o ré, a OCT 2 contém a nota dó, e no OCT 3 aparece o ré bemol, enarmônico de dó#.
Por fim, é importante mencionar, que no jazz a "escala diminuta" e a chamada "dom-dim" são as duas formas da escala octatônica. Moral da estória, não é porque é pós-tonal que precisa ficar no academicismo. A aplicação na improvisação (especialmente em músicas de caráter modal) resulta em sonoridades bastante ricas e por isso devemos aprofundar nosso conhecimento na prática! Saiba mais aqui e bons estudos...
Sobre o título de meu exercício: um "octopussy" pode ser entendido como um gato de oito pernas. Referência? "Meu Vizinho Totoro", obrigatório para os fãs de animação...
Daí pensei que poderia fazer o trabalho completo, e resolvi pesquisar sobre o objeto de estudo em si: a Escala Octatônica. Em sua dissertação de Mestrado pela Federal de Goiás, Marlou Peruzzolo Vieira (2010) oferece alguma luz quanto à sua conceituação:
"Escala octatônica é um termo aplicável a qualquer formação escalar que faça uso de oito notas diferentes no âmbito de uma oitava (WILSON, 2008). (...) Designação para uma escala que consiste na alternância de segundas maiores e segundas menores (KOTSKA, 2006, p. 31). (...) Há, portanto, dois modos desta escala".
Segundo Adriano Gado (2009), em uma comunicação disponível aqui, "um dos interesses pelos compositores quanto à sua utilização reside na riqueza de propriedades internas que ela possui". Citando Joel Lester (1989), o autor aponta que por "conter quatro trítonos, seu uso sugere ênfase em divisões iguais da oitava".
Em tempo, o trítono é aquele intervalo ouvido no riff principal da música "Black Sabbath" (G - G - Db), e não por acaso, costumava ser conhecido como o diabolus in musica durante a Idade Média (WISNIK, 1999, p. 82). Sua constituição é de três tons inteiros, daí o nome. Mais sobre ele aqui.
Voltando à Esala Octatônica, Gado (2009) traz a categorização de Pieter Toorn (1983), que diz respeito às três possíveis transposições desta escala. Isto porque todas as outras "são repetições enarmônicas destas três possibilidades" (VIEIRA, 2010). Em acordo com Kotska (2006) e Wilson (2008), estas transposições podem ser resumidas tomando como ponto de partida as notas dó, dó# e ré. No quadro abaixo, transcrevo da forma sugerida por Toorn, a partir das notas mi, fá e fá#. É tão verdade que "dá na mesma" que podemos fazer a correlação. Na forma OCT 1 temos o ré, a OCT 2 contém a nota dó, e no OCT 3 aparece o ré bemol, enarmônico de dó#.
Por fim, é importante mencionar, que no jazz a "escala diminuta" e a chamada "dom-dim" são as duas formas da escala octatônica. Moral da estória, não é porque é pós-tonal que precisa ficar no academicismo. A aplicação na improvisação (especialmente em músicas de caráter modal) resulta em sonoridades bastante ricas e por isso devemos aprofundar nosso conhecimento na prática! Saiba mais aqui e bons estudos...
Sobre o título de meu exercício: um "octopussy" pode ser entendido como um gato de oito pernas. Referência? "Meu Vizinho Totoro", obrigatório para os fãs de animação...
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quarta-feira, 29 de setembro de 2010
II SISPEM
O segundo Simpósio Sergipano de Pesquisa e Ensino em Música ocorreu na semana de 20 a 23 de setembro, lá mesmo no Campus de São Cristóvão, onde funciona o Núcleo de Música da UFS.
O primeiro dia serviu como pontapé inicial com apresentações musicais. Não houve palestra, como anunciado na programação. E nem precisava. Qualquer evento que trate de música, mesmo do ponto de vista científico deve haver música para apreciação. E a noite começou lindamente com o Prof. Msc. João Omar, que desenvolve trabalhos na cidade de Vitória da Conquista/BA. Difícil descrever o que ouvi... musicalidade profunda e técnica exuberante. Não precisava ser aluno do curso para se deixar levar por essa música. Todos presentes ficaram encantados. Em seguida o Prof. Msc. João Liberato o acompanhou no palco, retomando uma parceria de longa data. A última peça dos dois trabalhava bem a síncopa nordestina, baseada em semicolcheias. O violão é emblemático em lembrar-nos que a ponte entre música "erudita" e "popular" pode e deve ser encurtada.
Antes de nos recuperarmos dos orgasmos sonoros, a próxima atração foi anunciada, mas não havia músicos no palco. Os artistas estavam todos do lado de fora do Auditório da Reitoria. Eram eles crianças e adolescentes, os Canarinhos de Aracaju. E entraram, cantando, com moral de quem faz isso há bastante tempo. A cantiga repetida por todos até o palco transformou-se num cânone, com os grupos formando rodas, deixando claro para o ouvinte quem está fazendo o quê. Para mim foi especialmente gratificante ver o grau de domínio dos garotos, pois os conhecia desde o ano passado, porém essa foi a primeira oportunidade de assistir uma apresentação completa. Acompanhando a cantoria, além do regente ao teclado, destaque total para o contrabaixo da colega Val, com muita liberdade e propriedade. O maestro Carlos Magno falou bastante, informando o papel do INCASE na formação de futuros alunos do Curso de Licenciatura (o que é desde sempre uma realidade), e do papel social de se estudar música, e não se cobrar nada para aqueles alunos da rede pública. Os Canarinhos saíram como entraram: cantando. Alguns poucos (como eu) ainda foram lá fora ver como o maestro terminaria aquilo. Sem problemas, estavam lá eles, voltados para o regente, de olho no gesto...
De volta ao auditório, a terceira parte do programa trazia o quinteto de sopros da Filarmônica Nsa. Sra. da Conceição, instituição respeitadíssima, um patrimônio cultural do Estado e da cidade de Itabaiana. Me chamou atenção em especial o fagote, fica mais fácil acompanhá-lo em seus registros graves nessa formação do que dentro de uma massa sinfônica. Troquei ideia com o fagotista Henrique no dia seguinte, e para minha surpresa ele não é aluno do curso, mas sim graduando em História, apesar de ter feito diversas disciplinas conosco. A formação do quinteto inclui ainda clarinete, oboé, flauta e uma trompa, muito bem executada.
Para encerrar, nas palavras de João Liberato, um grupo emblemático para o curso de Música da UFS: o Ferraro Trio, que contou em 80% da apresentação com um quarto elemento: o Prof. James Bertisch, que subiu ao palco ovacionado, atestando um alto grau de aprovação dos alunos em relação ao seu trabalho em diversas disciplinas. James tocou teclado e o timbre 'hammond' trouxe uma cor importante para o som do Ferraro. Dá pra dizer que foi a melhor versão que presenciei de temas como "Hamster"... nada contra o didjeridoo, mas a música ganhou em profundidade harmônica. E o que dizer de "Cissy Strut" dos Meters? Perfeito, os diálogos improvisados entre guitarra e teclados foram absurdos. Aliás, apesar de ser óbvio o alto nível de musicalidade de trio, parecia que Saulinho estava particularmente à vontade com mais um instrumento harmônico. Seus improvisos atingiram o grau máximo de liberdade, um Hendrix jazzístico tocando funk. Ave Ferraro!!! Já no dia seguinte...
Era hora de estudar e conversar sobre música. Os mini-cursos de três dias aconteceram pela parte da manhã, e foram eles três: de Canto com o Prof. Dr. Eduardo Xavier, coordenador do curso de Bacharelado em Canto da UFAL; de violão com o já citado João Omar e o curso de Introdução à Teoria Pós-Tonal e Processador de Classes de Notas, com o Prof. Dr. Ricardo Bordini, gaúcho radicado na Bahia. Se eu pudesse teria feito os três, mas como tinha que escolher, fiquei com este último. Por vários motivos, notadamente por ser um assunto de interesse pessoal, mas também por ser esse o semestre que estou cursando Estruturação VI, onde abordamos música contemporânea. E nada melhor que aprender com um especialista na área, referência internacional e também compositor de música moderna. E ao longo dos três dias não me arrependi de minha escolha, pois além de ser um cara bacana, fã de Yes e rock progressivo, Bordini é muito bom professor. E conseguiu passar a sensação de que, mesmo dentre uma infinidade de conceitos de difícil assimilação, é possível se apropriar dessas ideias e experimentar um pouco, ou mesmo se debruçar em uma partitura de música do séc. XX e investigar o que está acontecendo, ao invés de simplesmente julgar que o que ocorre é aleatório e que uma criança poderia fazer o mesmo. Longe disso, se nos conformarmos ao fato de que essa música não obedece às regras do Sistema Tonal e sim às suas próprias regras, configurando-se em outro sistema também fechado em si mesmo, poderemos quem sabe até gostar de alguma coisa que alguns consideram "feia" ou de "mau gosto". Como toda obra de arte, é debruçando-se e entendo as relações dos elementos que a constituem que poderemos ter condição de apreciar o que se fez. E é por essa razão que muitos compositores do séc. XX se tornaram analistas, publicando artigos sobre suas próprias obras, para provar que há sentido no que estavam fazendo, mas não à luz da consagrada música da chamada "prática comum". Pois bem, caras como Bordini passaram anos fazendo contas no papel para compor e analisar peças (é, notas são números para a teoria pós-tonal). E o resultado desse empenho é uma calculadora criada pelo Prof. Jamary Oliveira da UFBA, disponível aqui. Com ela, uma serie de operações que antigamente você precisaria brincar de cientista maluco para analisar ou compor suas peças estão disponíveis em botões de uma calculadora. É disso que trata o tal Processador de Classe de Notas. Claro que não adianta sair apertando botão sem entender para que serve cada coisa. Lá naquele sítio dá para baixar tutorial e explicações, e mesmo para nós que fizemos o curso é necessário se debruçar para começar a entender e ter consequente domínio. Assim que conseguir completar minha composição baseada em meu número de CPF, pretendo postar e explicar o que fiz e porquê.
Na terça-feira, dia 21, no turno da tarde o Prof. Dr. Sérgio Figueiredo (UDESC) foi apresentado a nós como agente importante no processo que levou ao complemento da LDB de 1996, a lei 11.769 de 2008, a famosa lei que finalmente regulariza o ensino de música como obrigatório em todo o país. E é justamente esse o ponto principal sob o qual foi realizado esse simpósio. E foi com Sérgio que pudemos entender melhor o texto da lei, e refletir sobre a aplicabilidade da mesma e outras questões, como o polêmico veto do presidente Lula a um de seus artigos. Dada a importância e a quantidade de informações e modelos adotados em outras cidades que o palestrante acompanhou, o workshop continuava na quarta.
Tivemos em seguida, na terça, uma importante sessão de comunicações, onde alunos do curso tiveram a oportunidade de desenvolver alguma pesquisa científica, que poderá ou não desembocar no TCC ao fim do curso. Foi assim que ano passado falei sobre Varèse, mas este ano fui só ouvinte. Maria Gorete, gloriosa "tia" de vários colegas do Conservatório, abriu os trabalhos apresentando uma visão geral de seu trabalho de conclusão, colocando o nome de três mulheres, geralmente ignoradas pela História, como fundamentais para a criação do que hoje é o Conservatório de Música de Sergipe. Em seguida, minha coleguinha Thais Rabelo nos apresentou a fábula da Cigarra e a Formiga à luz da atual situação que a música se encontra, quando vários segmentos da sociedade duvidam que sirva "pra alguma coisa" ou que a atividade musical seja digna de respeito. Ótimo trabalho, fiquei apenas apreensivo do músico morrer de fome e de frio, como no desenho animado, baseado na mesma fábula (rs.). Seguindo a sessão, um representante do "clube do baixo" (forte tendência no nosso curso), Paulinho "Groove", propôs uma reflexão sobre a música como Arte ou Ciência. Difícil tarefa com a quantidade de abordagens expostas, mas a ideia é excelente, necessitando de mais tempo para maturação. Encerrando, o guitarrista-ninja Saulo Ferreira nos apresentou um método desenvolvido pelo próprio para ensinar guitarra para seus alunos. A ideia é muito simples, Saulo sacou que o que costuma travar os instrumentistas de corda com traste é justamente a facilidade de transposição, visto que aprendemos escalas através dos chamados shapes. Daí que muitos não se preocupam em saber quais as notas das diferentes escalas, já que mantendo-se o mesmo desenho conseguimos a mesma sonoridade transpondo regiões do braço. Se você quiser entender mais é melhor perguntar ao próprio Saulo, mas o resultado é uma bênção quando você lembra de professores que querem mais quantidade que qualidade do aluno. O desdobramento é ainda mais gratificante quando ele aborda a improvisação. O que muitas vezes parece impossível de teorizar, pode se tornar muito simples, dependendo da abordagem...
E ainda na terça ocorreu uma mesa redonda (originalmente programada para quarta) intitulada "Políticas públicas e legislação educacional para a área de música", que além de Sérgio Figueiredo, contou com a Prof.ª. Dr ª. Rejane Harder do nosso NMU, e o Prof. Dr. Eduardo Xavier da UFAL. A fala deste último foi basicamente um desabafo acerca da precariedade e dificuldades encontradas no curso superior de Música em Alagoas. Um retrato assustador, com intrigas e politicagens ofuscando um curso de mais de 20 anos de existência. Recentemente conseguiram criar o curso de Licenciatura em Piano, tendo como professor o grande Manoel Junior, mas o que entendemos da fala do prof. Xavier (isso me lembra X-Men), foi que poderiam ter expandido e revitalizado o curso de maneira inédita, não fosse a má vontade dos próprios colegas. Um dado lamentável. Se no nível de graduação é assim difícil, imagino que a tarefa de levar música pras escolas será ainda mais complicado para os colegas alagoanos...
O papel da Prof.ª Rejane foi relatar o andamento de uma pesquisa feita em conjunto com alguns alunos das disciplinas de Estágio, que mapeia a atual situação do ensino de música em Aracaju. Em linhas gerais o que temos é somente uma escola da rede pública com aulas de música, outra com uma banda que ensaia anualmente para o 7 de setembro, e muita desinformação e preconceito. Na rede particular há escolas que já tem aulas regulares, como a Nossa Escola e Arquidiocesano, que inclusive cederam espaço para nós estagiários observarmos seus professores e neste semestre ministrarmos aulas. Fora esse levantamento, a professora nos trouxe informações sobre as 20 bolsas do PIBID que está servindo para dar um pontapé inicial para a implementação da música no Ensino Fundamental II (sexto ao nono ano) em várias escolas da rede pública. Além disso, há um projeto vinculado ao PRODOCENCIA, cuja proposta é a elaboração de material didático, com planos de aula testados e aprovados pelos estagiários em campo e bolsistas do PIBID.
Mas a estrela da noite foi mesmo o Prof. Sérgio. Suas principais ideias e estratégias motivacionais que iriam desembocar na continuação do workshop no dia seguinte eram:
- o MEC não vai nos dizer que aula de música é essa, muito menos dizer que livro didático deve-se adotar, então cabe a nós determinar tudo isso e brigar pela qualidade do ensino;
- as escolas de Sergipe não vão sair abrindo vaga e ligando pros ex-alunos formados na UFS para poder fazer cumprir a lei. Se um diretor entender que cantar o Hino Nacional é suficiente para estar em acordo com a lei, ninguém estará lá para dizer que a ideia não é essa;
- nós, músicos e/ ou futuros professores de música temos que estudar a lei para ter argumentos sólidos e sair do senso comum do tipo "música faz bem para a alma". Não adianta só reclamar. Para fazer valer nossos ideais de uma educação que inclua música bem ensinada, é preciso agir politicamente, e isso significa ser o mais presente possível: participar de encontros da área de educação; frequentar a câmara de vereadores; fazer artigos em blogs como este; enfim, unir a classe estudantil em prol de uma mesma vontade política.
Outro argumento bastante martelado é para derrubar qualquer opinião que desqualifique a importância do profissional formado para ensinar música. Afinal todos nós falamos português e nem assim somos todos professores desta língua. Assim como ser professor de “línguas estrangeiras" não implica que ele vai ensinar qualquer língua, afinal todas que não são português se encaixam nesta categoria. Isso derruba a insistente noção de se dividir o horário de música com "Artes", fruto de uma prática educacional adotada nos anos 70, com a disciplina-fiasco "Educação Artística". Daí outra briga: todas artes precisam ser contempladas, mas cada uma como disciplina isolada. O que mais se ouve é que "não há espaço na grade", mas tudo é uma questão de vontade e reorganização dos projetos político-pedagógicos. E é aí que entra a ação dos estudantes em ter certeza que representantes, por exemplo, de nosso Núcleo de Música acompanhem essas discussões e ajudem a formatar a inserção das Artes e da Música nas escolas. A obrigatoriedade implica por fim numa democratização dos conteúdos em suas diferentes áreas de ensino. Quantas vezes eu não me perguntei para quê que eu estava estudando algo de Química ou Física?? E, de fato, não lembro de quase nada destas áreas, e não me tornei alguém capacitado a lidar com tubos de laboratório porque passei nessas disciplinas (e em dois vestibulares). Educar musicalmente nossos futuros cidadãos, da mesma forma, não implica "descobrir novos talentos", mas preparar pessoas com um melhor senso crítico, estético e, enfim, sempre tem um ou outro que acaba se interessando o suficiente para procurar o Conservatório, e futuramente uma graduação. Implica em disponibilizar uma informação que não devia ser exclusiva dos músicos. É reintegrar uma matéria tão básica que fazia parte do Quadrivium na Antiguidade Clássica (junto com Geometria, Aritmética e Astronomia)!
Foi essa a discussão continuada na quarta à tarde, sendo que após uma pausa, o Prof. Sérgio propôs que formássemos grupos para pensar o que se poderia fazer a curto, médio ou longo prazo. Iniciativas individuais, coletivas... era hora de pensar em nossa realidade! O resultado foi bastante positivo, com alunos como Rodrigo “Peninha”, Rafael Jr. e Juarez manifestando-se e confirmando que o discurso do prof. deu resultado. Falou-se de assembleias de alunos, confecção de material informativo (folders), explicando à sociedade os benefícios do estudo da música. Foram mais ideias do que eu vou conseguir lembrar, mas o mais importante foi perceber que tava todo mundo contaminado. E o desafio é justamente continuarmos contaminando outros... do micro ao macro.
A última tarde de simpósio começou com duas palestras em cada um dos dois horários, ou seja 04 no total. As minhas escolhas foram as da maioria, então tivemos uma sala de aula entupida de gente, tanto na palestra do Prof. Dr. Christian Lisboa, quanto na seguinte, do Prof. James Bertisch. Na outra sala revezaram-se o Prof. Msc. João Liberato, expondo sua dissertação “Filarmônica N. Sra. Da Conceição: Funções de uma banda de música no agreste sergipano entre 1898 e1915”, e em seguida o Prof. Msc. Ion Bressan: “A formação de orquestras jovens e sua relação com o mercado de trabalho”. Segue o meu relato presencial.
O tema do Prof. Christian era Psicologia da Música, que ele já havia abordado no ano anterior. Importante diferenciar da Musicoterapia, que tem função terapêutica, a abordagem aqui é mais investigativa acerca do que ocorre conosco ao ouvirmos ou executarmos música. O mais legal foi simular um experimento real, onde ouvíamos músicas e ora escrevíamos palavras aleatórias, ora escolhíamos grupos de adjetivos que poderiam caracterizar nossas sensações. Ainda pretendo me aproximar do grupo de estudo nessa área que o prof. lidera dentro do NMU, até por uma questão de honra, sendo Psicologia minha primeira formação. Mais interessante ainda do ponto de vista pessoal foi a palestra do Prof. James, que tratava da relação contrapontística que se configura como um desafio para o contrabaixista que canta. Ou seja, algo que faço desde moleque. Houve até o momento em que apontaram para mim e me fizeram receber uma salva de palmas. Mas os caras escolhidos para os exemplos diferem bastante deste pobre baixista-cantor. Após uma geral dos termos usados em música popular, e a diferenciação dos sub-gêneros dentro do rock, o primeiro exemplo era uma música do Yes, anos 80. Nessa música Chris Squire dobra o vocal com Jon Anderson, e o que foi mostrado na partitura é que muitas vezes as linhas ascendentes da voz coincidem com linhas descendentes do baixo, e vice-versa. O prof. Bordini, sentado ao meu lado, observou que poderia-se analisar a peça como 6/8 na voz enquanto o baixo marca 3/4. Compasso composto X compasso simples. E esse era um exemplo até bem básico. A coisa começou a complicar mesmo com Geddy Lee, do Rush, também um exemplo dos anos 80. “The Big Money” foi sugerida por Robson, e ainda bem que James o ouviu. O trecho transcrito era a parte do meio (“sometimes, etc.”) e se eu já tinha certeza da incrível independência de Geddy Lee, a transcrição serve como uma espécie de comprovação científica! O último baixista contemplado era um cara que eu não conhecia, Mark King, do Level 42, mas definitivamente foi o mais “cabuloso”. O groove do baixo era bastante complexo e a voz simplesmente não acompanhava suas síncopas, chegando a não coincidir entradas por diferenças de meio-tempo. E o pior era que o vídeo era ao vivo, não dava nem para dizer que ele gravou separado. Belo exemplo.
Finalmente, encerrando o II SISPEM, ocorreu a mesa redonda “O papel das IFES nordestinas diante da nova realidade vislumbrada a partir da lei 11.769/2008”. Este era, na verdade o título da fala do Prof. Christian, que fez um apanhado geral das conquistas do curso de licenciatura em música da UFS, desde sua chegada em 2009. Claro que o caminho até 2009 foi carregado pelo Prof. Dr. Hugo Ribeiro, que afastou-se do núcleo e hoje está em Brasília. Mas é fato que foi a partir da contratação dos demais professores efetivos que mudanças importantes foram feitas. A desassociação com o departamento de Morfologia (uma bizarrice necessária para a existência do curso em um primeiro momento); a conquista das salas de aula e da secretaria; a contratação dos secretários; os contínuos concursos para mais professores efetivos e substitutos; os aparelhos de som, DVD e data show; a compra de instrumentos (muitos a chegar); a prova específica prática para entrada no curso (valendo esse ano!).... O relato dele deixou claro que para um curso que ainda vai formar a primeira turma, estamos crescendo e rápido. As novas gerações não tem com o que se preocupar, porque já está reservado para o nosso curso um bom espaço nas futuras instalações da UFS, onde teremos salas acusticamente preparas, auditório, e um espaço decente para se guardar instrumentos. Fora o anúncio do plano para implementação de um curso técnico, onde estaríamos preparando melhor os futuros alunos da graduação.
Mas essa mesa redonda configurou-se especial pela presença de um diretor, representando a Secretaria de Educação, Paulo Roberto de Menezes Rêgo, atual Diretor do Serviço de Ensino Médio; e também de Rivaldo Dantas, que compôs a mesa como representante da Secretaria de Cultura. A última integrante da mesa era a Prof. Rejane, que basicamente repetiu sua fala da terça-feira, no intuito de informar aos convidados sobre como está a situação da música atualmente, além de um breve histórico da Educação Musical no país desde a época do Canto Orfeônico. Por fim, a fala de Rivaldo, ex-diretor do Conservatório, revelou-se polêmica, devido a um infeliz exemplo de um músico sergipano bem-sucedido, onde ele sugeria que estes músicos poderiam ser absorvidos pelo mercado, já que o campo de trabalho é imenso, e a quantidade de profissionais graduados em licenciatura não seria suficiente. Mesmo tendo deixado claro que estes músicos deveriam ter um tempo para procurar as universidades e se reciclar, a sugestão não foi muito bem recebida, e o debate acabou numa tentativa de entendimento de ambos os lados, com alunos tomando partido e já expondo as ideias aprendidas durante o simpósio. Em relação à necessidade de se incluir nos futuros editais a exigência de licenciatura, Paulo Rêgo pronunciou-se no sentido de nos assegurar que essa já é a política dos últimos anos, e não haveria possibilidade de concurso público para professor em qualquer área sem essa graduação. A professora Gorete manifestou-se relatando o processo ocorrido no concurso deste ano pro Conservatório, onde eles tiveram que dialogar bastante junto à SEAD, para que reduzissem a exigência para 50% de créditos cursados na licenciatura, o que de fato foi como essas vagas foram preenchidas, com colegas de minha turma como Thais e Ítalo Robert, merecidamente aptos a assumirem depois de passar pelas bancas examinadoras, mesmo sem terem ainda concluído a licenciatura.
O que podemos refletir junto a tudo isso é que a música nas escolas não deve ser implementada de uma vez, mas de pouco a pouco. Parece ser o caminho mais prudente a se seguir. O que já é uma realidade, diretamente relacionada à ação dos alunos da graduação no Estágio e os bolsistas do PIBID. É justamente esse o papel da Universidade, assumir-se como centro pensante dessa discussão, e agente articulador entre as ideias e a prática.
Para encerrar o SISPEM com música, visto que o recital previsto pro Cultart havia sido cancelado por problemas técnicos da casa, improvisou-se no mesmo espaço da mesma redonda uma belíssima apresentação do quinteto Clarinetando. Destaque para o clarinete-baixo (ou clarone) tocado por Enéas. Foram poucas e curtas peças, mas necessárias para lavar a alma, depois de tanta discussão. Que venham mais simpósios! Antes de encerrar ainda houve sinalizações de continuação das discussões entre os alunos, dentro das assembleias do diretório acadêmico. Parece que o “bichinho” mordeu pra valer...
P.S.1: Todas as fotos deste post de autoria de Paulinho "Groove".
P.S.2: Blog do SISPEM: http://www.sispem.blogspot.com
P.S.1: Todas as fotos deste post de autoria de Paulinho "Groove".
P.S.2: Blog do SISPEM: http://www.sispem.blogspot.com
domingo, 4 de julho de 2010
Uma Breve História da Música no Séc. XX
Como parte dos trabalhos de monitoria da disciplina História da Música III, catei esses videos e fiz a tradução para inserir legendas em português. Aqui neste caquético espaço, faço o trabalho completo: pra quem manja inglês basta carregar as 04 partes abaixo. Pra quem achar bacana mas precisa das legendas em português, é só fazer o download (.avi+.srt) em duas partes.
Trata-se de um documentário bastante interessante sobre o período pós-romântico, e a forma como as legendas narram contextualizando o fundo musical é uma boa iniciação pra quem não conhece a música dos compositores contemplados.
Bom divertimento!
PARTE 1 - O Nascimento do Moderno
PARTE 2 - Claude Debussy e o Impressionismo Francês
Parte 3 - Stravinsky e a Sagração da Primavera
Parte 4 - Arnold Schoenberg e o Expressionismo Alemão
Download Videos + Legendas em Português:
Parte 01
Parte 02
Trata-se de um documentário bastante interessante sobre o período pós-romântico, e a forma como as legendas narram contextualizando o fundo musical é uma boa iniciação pra quem não conhece a música dos compositores contemplados.
Bom divertimento!
PARTE 1 - O Nascimento do Moderno
PARTE 2 - Claude Debussy e o Impressionismo Francês
Parte 3 - Stravinsky e a Sagração da Primavera
Parte 4 - Arnold Schoenberg e o Expressionismo Alemão
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sexta-feira, 9 de abril de 2010
Artigo SISPEM
Está no ar a página do Núcleo de Música da Universidade Federal de Sergipe.
Por enquanto há pouca informação, mas o que vale a pena fuçar são os artigos publicados, dos alunos do curso que submeteram suas comunicações durante o I SISPEM - Simpósio Sergipano de Educação Musical, realizado no último semestre.
Entre eles meu artigo: "Reflexões em Apreciação Musical", que tem foco no compositor vanguardista Edgar Varèse, além de discutir um pouco sobre a música contemporânea do séc. XX. Esperamos que este seja um pontapé inicial para uma possível carreira acadêmica...
Por fim, o vídeo mencionado no artigo, como uma das possibilidades de trabalhar a música de vanguarda num contexto de apreciação musical, usando a peça escrita por Varèse para 13 percussionistas: Ionisation.
Enjoy!
Por enquanto há pouca informação, mas o que vale a pena fuçar são os artigos publicados, dos alunos do curso que submeteram suas comunicações durante o I SISPEM - Simpósio Sergipano de Educação Musical, realizado no último semestre.
Entre eles meu artigo: "Reflexões em Apreciação Musical", que tem foco no compositor vanguardista Edgar Varèse, além de discutir um pouco sobre a música contemporânea do séc. XX. Esperamos que este seja um pontapé inicial para uma possível carreira acadêmica...
Por fim, o vídeo mencionado no artigo, como uma das possibilidades de trabalhar a música de vanguarda num contexto de apreciação musical, usando a peça escrita por Varèse para 13 percussionistas: Ionisation.
Enjoy!
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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Abbey Road [Stereo Remaster]
01 - The Ballad of John & Yoko (Lennon/ McCartney)
02 - Old Brown Shoe (Harrison)
Um mês após o lançamento de Get Back, saía mais um compacto pela Apple, em 30 de maio de 1969! A 'balada' (aqui no sentido de saga, do tipo heróica) foi gravada inteiramente por John e Paul, e é um incrível exemplo de colaboração entre os dois, nos derradeiros meses de relação dentro da banda. Tudo funciona aqui, e o lado B consegue ser melhor ainda. A safra Harrison de '69 é tão alto nível que desembocaria num álbum impecável como All things must pass, lançado no ano seguinte. Essa foto acima parece ter sido tirada na casa dele, vide os anões de jardim que também estampam o citado disco solo. De todas as pérolas contidas na letra de "Old Brown Shoe", a mais emblemática é "I'm changing faster than the weather" (estou mudando mais rápido que o clima). Ave George, que faria aniversário no dia de hoje... (que escrevo, e não do post que demorou mais que o divórcio dos Beatles pra sair hehe).
03 - Come Together (Lennon/ McCartney)
04 - Something (Harrison)
05 - Maxwell's Silver Hammer (Lennon/ McCartney)
06 - Oh! Darling (Lennon/ McCartney)
07 - Octopus's Garden (Starkey)
08 - I Want You (She's So Heavy) (Lennon/ McCartney)
Finalmente, em 26 de setembro de 1969, saía o canto-dos-cisnes, a derradeira obra-prima dos FabFour. Último disco 'em vida' (o Let it be já foi um lançamento póstumo), os Beatles encerraram as atividades em grande estilo, no topo. Grandes bandas dos anos 70 como Deep Purple ou Black Sabbath, e até os Rolling Stones contém em suas extensas discografias discos altamente mais-ou-menos, em alguns casos ruins mesmo, o que é lamentável. Um exemplo recente de uma banda que soube parar no auge foi o Soundgarden. Mas é difícil comparar a discografia de qualquer banda à trajetória impecável de John-Paul-George-Ringo. E pro bem da humanidade (e dos bolsos deles), eles conseguiram resolver as diferenças dentro de uma grave crise e passar alguns meses no estúdio, construindo esse disco. A vontade de fazer um bom álbum é perceptível, o cuidado com os arranjos e execução é comovente. Difícil não considerar Abbey Road um dos melhores álbuns de todos os tempos! As duas primeiras faixas sairiam em compacto em 06 de outubro, sendo "Something" o seu lado A. Além do incrível arranjo de cordas, destaque para a matadora linha de baixo de McCartney, que já havia deixado sua assinatura em "Come Together", com letra tipicamente de John, o blues mais intelectual de que se tem notícia. "Maxwell's..." foi praticamete rejeitada por todos na banda, exceto seu mentor Paul, que insistiu tanto que conseguiu um resultado à altura do resto do disco. Melhor ainda é "Oh! Darling", que assim como a anterior havia aparecido nas sessões de Let it be. "Octopus's Garden" é uma linda música de Ringo sobre a vida sub-aquática a dois, with a little help from Harrison. Fechando o lado 1, a épica "I Want You", que seria a última sessão que os 04 fariam juntos. A música segue a tendência de John de juntar pedaços de canções diferentes pra formar uma nova. A seção "She's so heavy" - que vira uma coda repetitiva - criou tendência, reverberando tanto no rock progressivo quanto servindo de referência pro peso do metal!!
09 - Here Comes The Sun (Harrison)
10 - Because (Lennon/ McCartney)
11 - You Never Give Me Your Money (Lennon/ McCartney)
12 - Sun King (Lennon/ McCartney)
13 - Mean Mr. Mustard (Lennon/ McCartney)
14 - Polythene Pam (Lennon/ McCartney)
15 - She Came In Through The Bathroom Window (Lennon/ McCartney)
16 - Golden Slumbers (Lennon/ McCartney)
17 - Carry That Weight (Lennon/ McCartney)
18 - The End (Lennon/ McCartney)
19 - Her Majesty (Lennon/ McCartney)
O lado 2 abre com mais uma pérola de George, que com seu tema bucólico abre espaço para uma das faixas mais melancólicas da carreira dos Beatles. Diz-se que "Because" foi inspirada na "Sonata ao Luar" de Beethoven, quando John pediu a Yoko para tocá-la ao contrário(!). Nunca entendi muito bem essa origem, mas de fato há uma semelhança no dedilhado. O grande gênio surdo da música que me perdoe, mas nada se compara às três vozes harmonizadas e duplicadas, cantando essa bela poesia. Se há algum trunfo entre música cantada sobre a instrumental, é quando letra e música se encaixam como se não houvesse possibilidade de separação. É o caso aqui: perfeita, tanto que é difícil ouvirmos versões de "Because"; se alguém se anima para executá-la, provavelmente o arranjo vai ser uma cópia exata do original. Assim como no lado 1, Paul aparece após seus colegas darem o recado. Só que dessa vez ele vai dar a direção para o resto do disco, pelo menos em termos de concepção. "You Never Give Me Your Money" é de fato o início de uma espécie de suíte, uma forma genial de abarcar um monte de música em um mesmo pedaço de disco. Essa mesma melodia volta mais pra frente dentro de "Carry That Weight", e o final das duas é idêntico. Mas antes, um interlúdio: "Sun King" é mais bucolismo, com um toque de ácido na estrofe que mistura línguas sem muito critério. Um sonho talvez. John parte para o rockão de "Mean Mr. Mustard", com baixo levemente distorcido, efeito perceptível principalmente nessa versão remasterizada. "Polythene Pam" é bobinha, mas assim rapidinha funciona bastante. A ponte para "She Came In Through..." também funciona, e o andamento aqui é acelerado se compararmos com a versão do Anthology 3, das Get Back Sessions. O que contribui pruma pegada funk de baixo e batera. Finalmente a seção final: "Golden Slumbers"-"Carry That Weight"-"The End" poderiam ser consideradas a mesma música. Mas essa divisão deixa tudo mais interessante. And in the end... cada Beatle tem sua chance de solar, começando com Ringo, depois Paul, George e John revezando-se nas guitarras. O baixo e bateria nesse trecho foi sampleado pelos Beastie Boys anos mais tarde em algum lugar do disco Paul's Boutique. E apesar do piano desafinado com o que vinha rolando antes, o final de "The End" é apoteótico. Não dá pra não imaginar que eles sabiam que esse poderia ser a "última valsa". A prefeição só é imaculada com a inclusão de "Her Majesty", o que é bem típico dos Beatles: não se levar muito a sério, mesmo que a música em questão seja das mais importantes de todos os tempos...
Download links (.flac):
Part 1
Part 2
Part 3
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flac,
stereo remaster
domingo, 31 de janeiro de 2010
Let It Be [Stereo Remaster]
01 - Get Back (Single Version) (Lennon/ McCartney)
02 - Don't Let Me Down (Lennon/ McCartney)
A caixa Mono termina no álbum branco, porém este compacto está presente na Mono Masters. Mas para dar unidade à essa compilação, as faixas aqui postadas serão inteiramente em glorioso estéreo.
Estamos em janeiro de 1969, e as infames Get Back Sessions começavam a todo o gás desde o primeiro de janeiro, pouco mais de um mês após o lançamento do White Album. De todas as controvérsias em torno do parto mais longo desse trabalho de um quarteto cada vez menos unido, aquela que põe em cheque a qualidade musical do que foi lançado é a que mais dói, e a mais nonsense também. Prova disso foi o êxito deste compacto, um mega-hit lançado em 11 de abril daquele ano (sim, antes do Abbey Road). A versão do lado A parece ser o mesmo take da que entrou no LP, um pouco mais longa na verdade (no final), o que é uma curiosidade, visto que em geral as versões em compacto é que costumam ser 'radio edits'. Get Back, o disco, foi solenemente engavetado, assim como foram abortados os outros dois projetos que sairiam das mesmas sessões: um disco de regravações dos próprios Beatles, e outro de clássicos do rock 'n' roll (exaustivamente disponíveis nos bootlegs de ensaios, Anthology, etc.). Interessante notar que John aproveitou essa última ideia em sua carreira solo.
"Don't Let Me Down" é uma das melhores músicas de todo o projeto, e talvez o maior mérito de Let it be... Naked [2003] tenha sido reparar o histórico erro de não tê-la incluido no álbum de 1970. Indo além, o disco revisitado acerta no track-list, seguramente melhorado, ainda que Let it be tenha um charme único pelo caráter caótico da introdução da maioria das músicas, e também as eventuais vinhetas.
03 - Two Of Us (Lennon/ McCartney)
04 - Dig a Pony (Lennon/ McCartney)
05 - Across The Universe (Lennon/ McCartney)
06 - I Me Mine (Harrison)
07 - Dig It (Lennon/ McCartney/ Starkey/ Harrison)
08 - Let It Be (Lennon/ McCartney)
09 - Maggie Mae (Trad. arr. Lennon/ McCartney/ Starkey/ Harrison)
É importante discutir o papel de Phil Spector na (des)construção do que chegou às lojas em 08 de maio de 1970 (com uma capa diversa à que estampa este post). Além da responsa, imagino o tremendo abacaxi que deve ter sido aquele monte de ensaio gravado, com um meio mundo de material desprezível. Como ele não foi o produtor responsável pelas sessões, o papel dele foi o de um editor, e isso ele fez sem dó nem piedade. Várias das falas não aconteceram exatamente antes daquele trecho no disco, melhor exemplo sendo os agradecimentos ao final (do concerto no Rooftop) encerrando "Get Back" que havia sido gravada no estúdio. A introdução ("I dig a pigmy...") também pode ser ouvida no disco-bônus de Naked, a 'mosca-na-parede', assim como o final da jam que virou "Dig It", que não guarda absolutamente nenhuma relação com "Let It Be", e daí que mora o perigo de um editor-produtor (é só lembrar da importância de um editor de imagens): é metendo a tesoura que se ressignifica o bruto das sessões em um produto que tem a cara que se quer dar. O idealizado projeto "volta-às raízes" não só foi um fracasso como trabalho em equipe, mas fracassou em conceito. A necessidade de contratar Phil Spector, depois de dispensar os "production rubbish" (segundo Lennon) de George Martin antes mesmo de começarem a rodar as fitas é admitir a incapacidade de cumprir com a idéia por trás do projeto. E digo mais: é fácil acusar Spector de ter passado dos limites, mas os próprios Beatles (sem John) terminaram "I Me Mine" um ano depois das sessões originais, pois nada do que havia sido registrado daquela faixa era bom o suficiente (ainda que uma passada razoável possa ser conferida no doc). Ainda mais intrigante é ver Paul McCartney, o grande atingido pelas modificações sem aviso prévio de Spector, usando os mesmos arranjos, em particular em "The Long and Widing Road" em suas turnês, entra ano e sai ano. Em resumo, egos à parte, Let It Be é sim um discão, claro, é um disco dos Beatles, leia-se composições de qualidade, os mesmos bons vocalistas e instrumentistas de sempre, e sim bons arranjos, mesmo nas pegadas mais simplistas. Uma grande bandinha de rock. Sempre.
10 - I've Got a Feeling (Lennon/ McCartney)
11 - One After 909 (Lennon/ McCartney)
12 - The Long And Widing Road (Lennon/ McCartney)
13 - For You Blue (Harrison)
14 - Get Back (Lennon/ McCartney)
Quando disse que Naked acerta na ordem das músicas, não tava brincando. O lado 2 de Let It Be é infinitamente melhor que o lado 1, e isso não é por causa nem de "Dig It" ou "Maggie Mae", mas esse lado 2 tem uma cara mais 'direto-ao-ponto', como o Naked que pensa a distribuição das faixas num formato Cd, e não tem a preocupação de ser trilha sonora de coisa nenhuma. Ainda dentro dessa comparação, e retomando o ponto anterior, o de que não há nada "as nature intended" em qualquer encarnação de Let It Be, o Naked só foi mais a fundo no processo começado por Phil Spector em 1970. Tirando a limada em suas contribuições de côro e cordas, o som do álbum continuou sendo editado, polido, e remixado usando a tecnologia a serviço da boa música, e o padrão-Beatle de qualidade.
Com isso encerro meu humilde testemunho de que Let It Be... Naked é superior sim ao disco original, isso não quer dizer que meu vinilzão e essa compilação não garantam bons momentos de rockão garageiro e baladas gospel. Ah, em tempo, prefiro a versão de "Across the Universe" daqui mesmo - e não dá nem pra dizer que é a original, certo? Ponto pra Phil Spector...
15 - Across The Universe (WWF Version) (Lennon/ McCartney)
16 - Let It Be (Single Version) (Lennon/ McCartney)
17 - You Know My Name (Look Up The Number) (Lennon/ McCartney)
Para encerrar com as outras faixas que tem a ver com o tracklist do LP, temos a versão de Across The Universe um pouco mais 'altinha' em registro, sem o côro, mas com backings femininos de duas fãzocas, dentre elas a brasileira Lizzie Bravo. Tudo muito bonito, sons de pássaros e tal, mas como já mencionado, prefiro a versão revisitada mesmo. O último single com material inédito dos FabFour trazia a faixa-título do LP com solo de guitarra alternativo. Nunca me decidi sobre preferência, mas - até onde eu sei - é mais um caso dos próprios Beatles (no caso Harrison) e não Spector, voltar lá no estúdio pra refazer algo pra soar melhor, e não deixar 'como deus quis soar'. Finalmente o lado B do compacto lançado em 06 de março de 1970 - dois meses antes do álbum póstumo, e um ano após Get Back/ Don't Let Me Down - trazia a bizarra "You Know My Name", uma gravação começada em 1967, que incluia até solo de saxofone do finado Brian Jones. Não dá pra dizer que não é divertido...
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Part 1
Part 2
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02 - Don't Let Me Down (Lennon/ McCartney)
A caixa Mono termina no álbum branco, porém este compacto está presente na Mono Masters. Mas para dar unidade à essa compilação, as faixas aqui postadas serão inteiramente em glorioso estéreo.
Estamos em janeiro de 1969, e as infames Get Back Sessions começavam a todo o gás desde o primeiro de janeiro, pouco mais de um mês após o lançamento do White Album. De todas as controvérsias em torno do parto mais longo desse trabalho de um quarteto cada vez menos unido, aquela que põe em cheque a qualidade musical do que foi lançado é a que mais dói, e a mais nonsense também. Prova disso foi o êxito deste compacto, um mega-hit lançado em 11 de abril daquele ano (sim, antes do Abbey Road). A versão do lado A parece ser o mesmo take da que entrou no LP, um pouco mais longa na verdade (no final), o que é uma curiosidade, visto que em geral as versões em compacto é que costumam ser 'radio edits'. Get Back, o disco, foi solenemente engavetado, assim como foram abortados os outros dois projetos que sairiam das mesmas sessões: um disco de regravações dos próprios Beatles, e outro de clássicos do rock 'n' roll (exaustivamente disponíveis nos bootlegs de ensaios, Anthology, etc.). Interessante notar que John aproveitou essa última ideia em sua carreira solo.
"Don't Let Me Down" é uma das melhores músicas de todo o projeto, e talvez o maior mérito de Let it be... Naked [2003] tenha sido reparar o histórico erro de não tê-la incluido no álbum de 1970. Indo além, o disco revisitado acerta no track-list, seguramente melhorado, ainda que Let it be tenha um charme único pelo caráter caótico da introdução da maioria das músicas, e também as eventuais vinhetas.
03 - Two Of Us (Lennon/ McCartney)
04 - Dig a Pony (Lennon/ McCartney)
05 - Across The Universe (Lennon/ McCartney)
06 - I Me Mine (Harrison)
07 - Dig It (Lennon/ McCartney/ Starkey/ Harrison)
08 - Let It Be (Lennon/ McCartney)
09 - Maggie Mae (Trad. arr. Lennon/ McCartney/ Starkey/ Harrison)
É importante discutir o papel de Phil Spector na (des)construção do que chegou às lojas em 08 de maio de 1970 (com uma capa diversa à que estampa este post). Além da responsa, imagino o tremendo abacaxi que deve ter sido aquele monte de ensaio gravado, com um meio mundo de material desprezível. Como ele não foi o produtor responsável pelas sessões, o papel dele foi o de um editor, e isso ele fez sem dó nem piedade. Várias das falas não aconteceram exatamente antes daquele trecho no disco, melhor exemplo sendo os agradecimentos ao final (do concerto no Rooftop) encerrando "Get Back" que havia sido gravada no estúdio. A introdução ("I dig a pigmy...") também pode ser ouvida no disco-bônus de Naked, a 'mosca-na-parede', assim como o final da jam que virou "Dig It", que não guarda absolutamente nenhuma relação com "Let It Be", e daí que mora o perigo de um editor-produtor (é só lembrar da importância de um editor de imagens): é metendo a tesoura que se ressignifica o bruto das sessões em um produto que tem a cara que se quer dar. O idealizado projeto "volta-às raízes" não só foi um fracasso como trabalho em equipe, mas fracassou em conceito. A necessidade de contratar Phil Spector, depois de dispensar os "production rubbish" (segundo Lennon) de George Martin antes mesmo de começarem a rodar as fitas é admitir a incapacidade de cumprir com a idéia por trás do projeto. E digo mais: é fácil acusar Spector de ter passado dos limites, mas os próprios Beatles (sem John) terminaram "I Me Mine" um ano depois das sessões originais, pois nada do que havia sido registrado daquela faixa era bom o suficiente (ainda que uma passada razoável possa ser conferida no doc). Ainda mais intrigante é ver Paul McCartney, o grande atingido pelas modificações sem aviso prévio de Spector, usando os mesmos arranjos, em particular em "The Long and Widing Road" em suas turnês, entra ano e sai ano. Em resumo, egos à parte, Let It Be é sim um discão, claro, é um disco dos Beatles, leia-se composições de qualidade, os mesmos bons vocalistas e instrumentistas de sempre, e sim bons arranjos, mesmo nas pegadas mais simplistas. Uma grande bandinha de rock. Sempre.
10 - I've Got a Feeling (Lennon/ McCartney)
11 - One After 909 (Lennon/ McCartney)
12 - The Long And Widing Road (Lennon/ McCartney)
13 - For You Blue (Harrison)
14 - Get Back (Lennon/ McCartney)
Quando disse que Naked acerta na ordem das músicas, não tava brincando. O lado 2 de Let It Be é infinitamente melhor que o lado 1, e isso não é por causa nem de "Dig It" ou "Maggie Mae", mas esse lado 2 tem uma cara mais 'direto-ao-ponto', como o Naked que pensa a distribuição das faixas num formato Cd, e não tem a preocupação de ser trilha sonora de coisa nenhuma. Ainda dentro dessa comparação, e retomando o ponto anterior, o de que não há nada "as nature intended" em qualquer encarnação de Let It Be, o Naked só foi mais a fundo no processo começado por Phil Spector em 1970. Tirando a limada em suas contribuições de côro e cordas, o som do álbum continuou sendo editado, polido, e remixado usando a tecnologia a serviço da boa música, e o padrão-Beatle de qualidade.
Com isso encerro meu humilde testemunho de que Let It Be... Naked é superior sim ao disco original, isso não quer dizer que meu vinilzão e essa compilação não garantam bons momentos de rockão garageiro e baladas gospel. Ah, em tempo, prefiro a versão de "Across the Universe" daqui mesmo - e não dá nem pra dizer que é a original, certo? Ponto pra Phil Spector...
15 - Across The Universe (WWF Version) (Lennon/ McCartney)
16 - Let It Be (Single Version) (Lennon/ McCartney)
17 - You Know My Name (Look Up The Number) (Lennon/ McCartney)
Para encerrar com as outras faixas que tem a ver com o tracklist do LP, temos a versão de Across The Universe um pouco mais 'altinha' em registro, sem o côro, mas com backings femininos de duas fãzocas, dentre elas a brasileira Lizzie Bravo. Tudo muito bonito, sons de pássaros e tal, mas como já mencionado, prefiro a versão revisitada mesmo. O último single com material inédito dos FabFour trazia a faixa-título do LP com solo de guitarra alternativo. Nunca me decidi sobre preferência, mas - até onde eu sei - é mais um caso dos próprios Beatles (no caso Harrison) e não Spector, voltar lá no estúdio pra refazer algo pra soar melhor, e não deixar 'como deus quis soar'. Finalmente o lado B do compacto lançado em 06 de março de 1970 - dois meses antes do álbum póstumo, e um ano após Get Back/ Don't Let Me Down - trazia a bizarra "You Know My Name", uma gravação começada em 1967, que incluia até solo de saxofone do finado Brian Jones. Não dá pra dizer que não é divertido...
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