é uma influência pra 10 entre 10 grupos, artistas ou instrumentistas que lidam com funk (no bom sentido). Ao lado de James Brown e Sly & The Family Stone, é referência obrigatória pra quem quer se familiarizar com o que há de melhor no estilo, além é claro, dos vários discos da Motown até 1971. Mas voltando aos Meters, o interessante é que a grande maioria de seus temas são instrumentais, e o funk é mais associado com as manipulações melódicas de seus cantores. Pro baixista então, fica mais fácil colar nas linhas de George Porter, pois o quarteto era mesmo 'roots': sem a metaleira e vozes pra atrapalhar, o que fica em primeiro plano é a cozinha matadora, com Joseph "Zigaboo" Modelist na bateria (quebrando tudo), fazendo a cama para os riffs inteligentes do guitarrista Leo Nocentelli e as peripécias do líder e tecladista Art Neville (os poucos vocais são dele também). Para checar todos esses elementos citados, ouça agora "Cissy Strutt" (qualquer rádio online vai ter, né possível). Você provavelmente já ouviu esse teminha, mas nunca ouviu falar dos Meters, certo? Pelo menos comigo foi assim. Mas esse post é na verdade pra retomar os estudos do Lily Pond. "Funky Miracle", outro clássico dos caras, foi a primeira música que transcrevi do começo ao fim usando aquele programinha. Falo da linha do baixo, é claro. Então, amigos da clave de fá, uni-vos para um groovão irresistível. Seguem os links:
- A partitura em .pdf;
- Os códigos em .txt (para utilizá-los no LP, tem que salvar em .ly);
- A música para download, porque ninguém é de ferro, e o ouvidão é sempre um bom guia.
Comentários sobre a escrita informática:
O que vem antes do cabeçalho contém um monte de coisa que eu nunca entendi. Coisa de nerd, provavelmente. Então o esquema é copiar e colar em qualquer novo arquivo. Tem a ver com a versão do programa e formatação.
\version "2.10.10"
\paper {
% #(define dump-extents #t)
indent = 0\mm
% line-width = 160\mm - 2.0 * 0.4\in
% ragged-right = ##t
% force-assignment = #" "
% line-width = #(- line-width (* mm 3.000000))
}
aqui abre-se o cabeçalho. notar o uso das chaves { } para efetivar os comandos.
\header{
title = "Funky Miracle"
composer = "The Meters"
}
mais uma chave aberta (após uma fechada) indicando a clave e fórmula de compasso (4/4 na verdade nem precisaria indicar, é automático).
{
\clef bass
\time 4/4
vamos aos grooves: a linha da intro usa bastante antecipações de semicolcheias, escrito com o til ~
e16 d b, a,~ a, b,8 d16~ d e8 g16~ g4
e16 d b, a,~ a, b,8 d16~ d e8 g,16~ g,4
e16 d b, a,~ a, b,8 d16~ d e8 g16~ g4
e16 d b, a,~ a, b,8 r16 d4 dis \bar "||"
ritornelo. e mais abaixo, a indicação de que aqui é um ponto de recomeço pra essa música. O sinal é chamado de 'S'. O groove transcrito agora abusa das colcheias pontuadas com semicolcheias criando uma levada irresistível.
\bar "|:"
\mark \markup { \musicglyph #"scripts.segno" } e8. d16 e4 e'16 g8. e8. d16
e8. d16 e4 e'16 g8. e8. d16
e8. d16 e4 e'16 g8. e8. d16 \bar ":|"
e8. d16 e4 e'16 g8. e8. d16
e8. d16 e4 e'16 g8. e4 \bar "||"
quiálteras. 'times 2/3' é como se escreve uma tercina. no caso aqui vai ser uma tercina de semínima (4), três delas em dois tempos.
\times 2/3 { g4 a e'~ } e'8 r16 b16 d'8 e'
\times 2/3 { g4 a e~ } e8 r16 b,16 d8 e
\times 2/3 { g4 a e'~ } e'8 r16 b16 d'8 e'
\times 2/3 { g4 a e~ } e8 r16 b,16 d8. d16
\bar "||"
e8. d16 e4 e'16 g8. e8. d16
e8. d16 e4 e'16 g8. e8. d16
e8. d16 e4 e'16 g8. e8. d16
e8. d16 e4 e'16 g8. e4 \bar "||"
e16 d b, a,~ a, b,8 d16~ d e8 g16~ g4
e16 d b, a,~ a, b,8 d16~ d e8 g,16~ g,4
e16 d b, a,~ a, b,8 d16~ d e8 g16~ g4
e16 d b, a,~ a, b,8 r16 \times 2/3 { d4 dis e } \mark "fine" indicação de que a música vai encerrar naquele ponto (na volta).
\bar "||"
r1 pausa ('rest') de semibreve
\times 2/3 { g4 a e'~ } e'8 r16 b16 d'8 e'
\times 2/3 { g4 a e~ } e8 r16 b,16 d8 e
\times 2/3 { g4 a e'~ } e'8 r16 b16 d'8 e'
\times 2/3 { g4 a e~ } e8 r16 b,16 d4
\bar "||"
aqui vem os improvisos. no primeiro compasso é o teclado que sola, no segundo guitarra, baixo no terceiro e batera no quarto. mesmo esquema na próxima linha.
e8 e r4 r2
e8 e r4 r2
e8 e' gis16 a8 ais16~ ais16 b8 b16 d'8 d'16( e')
(os parênteses são pra ligadura hammer-on)
e4 r4 r2
\override Score.RehearsalMark
#'break-visibility = #begin-of-line-invisible
e8 e r4 r2
e8 e r4 r2
e8 e'~ e'16 d'8 b16 d'[ b r gis~] gis a b8
e4 r4 r2
\once \override Score.RehearsalMark #'self-alignment-X = #right
\mark "D.S. al Fine "
\bar "||"
o 'override score' tem a ver com o comando 'do S ao Fim' que é quando a gente volta praquele começo lá em cima e acaba onde já marcamos que vai acabar. meu conselho pra esse tipo de comando é sair copiando os exemplos que conseguir. ou então enche o email do prof. hugo com dúvidas insolussionáveis. Ah! lá em cima há dois colchetes [ ] nas semicolcheias do segundo compasso de improvisação. isso foi o jeito que encontrei pra unir em uma célula as três notas com uma pausa antes da antecipação. sem isso o programa arrumava de um jeito esquisito, mas tudo dá-se um jeito (se não der, seguir os conselhos acima).
} não esquecer desse colchete pra fechar sua partitura
Um comentário:
The Meters fuckin' rules! Eu tinha um CD dos caras mas emprestei pra uns amigos de uma famosa banda de reaggae de SE e nunca mais vi meu disquinho... Mas quem empresta corre o risco de se foder no final. Abrax @
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